Estou de volta... como a primavera!

"Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa..."

Manuel Antonio Pina

sábado, 27 de outubro de 2018

A verdade era bela


imagem: google

A verdade era bela,
como vinha nos livros.
À beirinha das águas
a verdade era bela.
Os que deram por ela
abriram-se e contaram
que a verdade era bela,
Quase todos se riram.
Os que punham nos livros
que a verdade era bela,
muito mais do que os outros.
A verdade era bela
mas doía nos olhos
mas doía nos lábios
mas doía no peito
dos que davam por ela.

Sebastião da Gama



Pequeno poema


Arte de Margarita Sikorskaia

Quando eu nasci,
ficou tudo como estava

Nem homens cortaram veias,
nem o sol escureceu,
nem houve estrelas a mais ...
Somente, esquecida das dores
a minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.

As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém ...

Para que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe ...

Sebastião da Gama

Silencia-me



Arte de Dorina Costras


O silêncio tem o sabor de amoras silvestres, negras e brilhantes como a noite que abraça os pensamentos.

Sentes o cheiro das estrelas?

Eu não o sinto; tenho a pele (ainda) impregnada dos toques macios e deslizantes, do silêncio a massagear o corpo.

Pressentes o rasto dos sonhos?

Dos sonhos que desenhei para ti, em estátuas e em nuvens, no silêncio do traço fino.

E passeio nos telhados de casas vazias, encontro o silêncio - o teu e o meu - que me grita, despenteia, empurra-me. Beija-me.

Ana Alvarenga





Imagem: Google


Esta noite, as minhas palavras voaram para junto de ti e fiquei só.
Só, preenchida de silêncios, vadios na noite quente.

Todas as palavras que te dei voltarão para mim.
Numa noite. Quente.
Espero-as
Descalça
Só.

Ana Alvarenga



Arte de Monica  Castanys


Se te despedires, fá-lo de mansinho,
nada de brusquidão.
Não me digas: "Vamos estar um tempo sem nos ver."
O que é o tempo?, responder-te-ia.
Uma ponte entre o adeus e o reencontro?
Se te despedires, que teu adeus me conforte,
que seja o bálsamo de minhas feridas,
que teus lábios me digam: "até depois",
"fazes já parte da minha vida",
que eu possa sentir que em todo o momento
nossas mãos se buscarão na sala de espera
e falaremos de amores, de como passa o tempo,
de quão interessante te acho.

Gloria Bosch






Diz-me por favor onde não estás
em qual lugar posso não te ver,
onde posso dormir sem te lembrar
e onde relembrar sem que me doa.

Diz-me por favor onde posso caminhar
sem encontrar as tuas pegadas,
onde posso correr sem que te veja
e onde descansar com a minha tristeza.

Diz-me por favor qual é o céu
que não tem o calor do teu olhar
e qual é o sol que tem luz apenas
e não a sensação de que me chamas.

Diz-me por favor qual é a noite
em que não virás velar meus sonhos.
Que não posso viver porque te espero
e não posso morrer porque te amo.

Jorge Luís Borges

Arte de Camille Claudel






Sê silêncio
Não busques a fama.
Ao invés disso,
cavalga teu cavalo
para dentro do roseiral da alma
Tenho lá uma rosa te esperando.

Jalaluddin Rumi

Arte de Vali Irina Ciobanu

Não te rendas, por favor



Fotografia de Paul Apal'kin
 
Não te rendas, por favor, não cedas,
Ainda que o frio te queime,
Ainda que o medo te morda,
Ainda que o sol se ponha e se cale o vento,
Ainda existe fogo na tua alma,
Ainda existe vida nos teus sonhos
Porque cada dia é um novo começo.

 Mario Benedetti






Pouco tenho para alinhavar.
Dizer-te que estou longe
não apaga esta ausência que,
inelutavelmente,
nos distanciou.

Cercam-nos muros de silêncio
opresso.
A própria hera não ousa
na despudorada nudez branca
de paredes que interditam
a fantasia ao forasteiro
voraz.

O gesto tolhido,
o pretexto adiado
e a memória a estiolar.

Eduardo Pitta

Arte de Samarel





A verdade chega sempre ao amanhecer,
quando a luz se alonga em labirintos de sombras
e as aves acordam da inocência dos sonhos,
agitando os corações em pleno voo.

Antes de me tocares a pele;
toca-me a alma!
As cinzas da noite, levou-as o novo dia,
toda a chama arde, tudo se consome.
quando a verdade mascara o seu nome
nos doces delírios da amarga mentira.

Sopro do amanhecer,
modela a voz e acaricia as sílabas,
e antes de me tocares a pele,
toca-me a alma...
... eu gosto das brisas suaves,
e da força dos vendavais,
das tempestades e furacões,
e das palavras reais!...

Toca-me a pele
antes de me tocares a alma,
desperta-me da inocência do sonho,
sopro do amanhecer...

Margusta Loureiro

Arte de Agnieszka Wencka





Espera-me e eu voltarei
mas espera-me muito
Espera-me quando cair a neve
e chegarem as chuvas tristes,
quando chegar o calor,
não deixes de esperar.
Espera-me, quando já
ninguém esperar e se tiver
esquecido já o ontem.
Espera-me mesmo que as cartas
não cheguem de longe.
Espera-me quando todos
estiverem já fartos de esperar

Espera-me e eu voltarei,
não ames - peço-te -
quem repetir de memória
que é tempo já de olvidar;
mesmo que mãe e filho julguem
que eu não existo mais.
Deixa que os amigos, ao lume,
se cansem de esperar e bebam
vinho amargo em memória de mim.
Espera-me e não
te apresses a beber com eles

Espera-me e eu voltarei,
para que a morte se encha de raiva
O que, nunca me esquecer
dirá talvez de mim: coitado, teve sorte,
jamais compreenderão
aqueles que jamais esperaram.
Tu é que me salvaste do fogo
De como sobrevivi
saberemos tu e eu,
porque simplesmente me esperaste,
como ninguém me esperou.

 Konstantin Simenov

Imagem: google






Sou eu, não temas. Não me ouves quebrar
em ti todos os meus sentidos?
O meu sentir que asas veio a encontrar,
voa, branco, à volta da tua face sem ruídos.
Não vês a minha alma de silêncio vestida
mesmo frente a ti aparecida?
Não amadurece minha oração em flor
no teu olhar como numa árvore de suave odor?

Eu sou o teu sonho, se sonhador fores.
Sou a tua vontade, se velar quiseres
e apodero-me da magnificência sem par
e arredondo-me como um silêncio estelar
sobre a estranha cidade do tempo a passar.

Rainer Maria Rilke

Arte de Prashanta Nayak



sexta-feira, 26 de outubro de 2018

A minha solidão não é uma invenção


arte fotográfica de Katia Chausheva

A minha solidão
não é uma invenção
para enfeitar noites estreladas 

Mas este querer arrancar a própria sombra do chão
e ir com ela pelas ruas de mãos dadas.

Mas este sufocar entre coisas mortas
e pedras de frio
onde nem sequer há portas
para o calafrio,

Mas este rir-me de repente
no poço das noites amarelas 
- única chama consciente
com boca nas estrelas.

Mas este eterno só-um
(mesmo quando me queima a pele o teu suor)
- sem carne em comum
com o mundo em redor.

Mas este haver entre mim e a vida
sempre uma sombra que me impede
de gozar na boca ressequida
o sabor da própria sede.

Mas este sonho indeciso
de querer salvar o mundo
- e descobrir afinal que não piso
o mesmo chão do pobre e do vagabundo.

Mas este saber que tudo me repele
no vento vestido de areia 
E até, quando a toco, a própria pele
me parece alheia.

Não. A minha solidão
não é uma invenção
para enfeitar o céu estrelado 

mas este deitar-me de súbito a chorar no chão
e agarrar a terra para sentir um corpo vivo a meu lado.

José Gomes Ferreira





Não fui eu que pintei o sol


imagem: google

Não fui eu que pintei o sol no céu,
nem as nuvens no ar
com água de prata.

Quando nasci já tudo estava no mundo
com relvas e azuis, poentes e sombras,
pobres e cicatrizes ...

Porque então estes remorsos
de andar a sofrer não sei por quem
a culpa de haver rosas e haver vida?

Palavra! não fui eu
quem, atirou a lua para o céu.

José Gomes Ferreira





Ainda que tenhas partido



Ainda que tenhas partido,
farei de ti
primeira palavra
e a sombra das gotas
da minha fonte.
Farei de ti
o mar sem sede
e o eterno respirar
da chuva fresca
e das açucenas coloridas.

Ainda que tenhas partido,
farei de ti
o sangue que dança
e me balança nas veias
o eco do meu desassossego
a mortalha dos sonhos
e colho-te as chamas
para além dos sentidos
tão longe como o meu horizonte
no tálamo onde fizemos coisas proibidas.

E ainda que tenhas partido
estás na minha pele
pelo caminho que trilhaste
com tuas mãos no meu corpo.

Quantas noites te chorei
na pressa de recuperar o tempo!
Ainda que tenhas partido ...
permaneço abraçado ao ar que respiras
e respiro-te nos sons das noites.

António Carlos Santos


Arte Fotografica de Katia Chausheva




E no colo das rosas
do tempo que me sobra
faço erguer as madrugadas
em ventos calmos que trago comigo.
.... deixo assim, partir as minhas
próprias sombras
que, como um pássaro,
sobem aos céus.

António Carlos Santos 

Fotografía deMaureen Bissiliat



Sei de mim
dos meus retalhos
dos lamentos
dos abismos
das penumbras
dos instantes
das eternidades
e do mar que me quer.

Sei de mim
do chão que piso
nas vésperas
no amanhecer
nas manhãs
nas madrugadas
e das flores com que me visto.

Sei de mim
da sede da minha alma
das danças com a lua
dos enganos
das sombras
e da luz com que me lavo.

Sei de mim
a cada palavra
e sei de mim
nas palavras que me tiram
e sei das palavras que resgato no silêncio.

Sei de mim
e morrerei comigo.

António Carlos Santos

Imagem: Facepage Fábrica de Escrita



Ouve, tu


Imagem: Facepage Fabrica de Escrita

Ouve, tu que não existes em nenhum céu:

Estou farta de escavar nos olhos
abismos de ternura
onde cabem todos menos eu.

Estou farta de palavras de perdão
que me ferem a boca
dum frio de lágrimas quentes de punhal.

Estou farta desta dor inútil
de chorar por mim nos outros.
- Eu que nem sequer tenho a coragem de escrever
os versos que me fazem doer.

José Gomes Ferreira






Quantas vezes te esperei neste lugar
quantas vezes pensei que não chegavas
quantas vezes senti a rebentar
o coração se ao longe te avistava.
Quantas vezes depois de teres chegado
nos colamos no beijo que tardava
quantas vezes trementes e calados
nos entregamos logo sem palavras.
Quantas vezes te quis e te inventei
quantas vezes morri e já não sei.

Torquato da Luz

Imagem Google

domingo, 14 de outubro de 2018

Só ficará de ti o que fizeste
por amor
O resto não valeu:
foi apenas poeira que se ergueu
em teu redor
e vento varreu.

Só ficará de ti o que escreveste
com paixão.
O resto não contou:
foi tão-só uma sombra que passou,
pura ilusão,
e nem rasto deixou.

Torquato da Luz


imagem: google




Um dia virei
colado a um verso, embrulhado
numa folha, dobrado 
a um canto,

para que os teus lábios
me ciciem, os teus olhos
me beijem

e eu não saiba
e eu não sinta.

Albano Martins

Imagem;  Google

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Não é o restolhar do vento


 Arte by Аlla Sviridenko

Não é o restolhar do vento
É a tua lembrança
que se ergue em mim.

Não é a rosa do sol a esfolhar-se.
É a minha boca - sede e romã-
que sangra na tarde.

Não é a noite que desce.
É a sombra dos teus olhos
a fechar o horizonte.

Luisa DaCosta






Devolve-me esse corpo
Esse que não tive, que não tenho
mais que no fugaz olhar
do meu ombro
porém não para trás.

Devolve-me o que não é meu
nem nunca será meu,
tal como o pássaro
que lá fora canta
fora da minha mão,
fora do meu corpo.

Devolve-me esse pássaro
e poisa nesse ramo
que o meu olhar alcança.

Pedro Tamen


Arte by Marci McDonald



Guardarás numa caixinha


Guardarás numa caixinha
o que não fiz por ti,
a mão que não chegou à sobrancelha
que nem aflorou,
o beijo repetido nas palavras
sem que o tato
o multiplicasse qual se desejava.

Nessa caixa de nada não tardará depois
a não estares só tu,
a não estar só eu,
a estarmos só os dois."

Pedro Tamen

Arte by Denis Nunez Rodriguez





Troco-me por ti



Troco-me por ti
Na brasa da fogueira mal ardida
renovo o fogo que perdi,
acendo, ascendo, ao lume, ao leme, à vida.

E só trocado, parece, por não ser
na verdade conjugo o velho verbo
e sou, remido esquartejado,
o retrato perfeito em que exacerbo
os passos recolhidos pelo tempo andado.

Pedro Tamen

imagem: Google



Vive o instante que passa



Vive o instante que passa. Vive-o intensamente até à 
Última gota de sangue. 
É um instante banal, não há nele que o distinga de mil outros instantes vividos. 
E no entanto ele é único por ser irrepetível e isso o distingue de qualquer outro. 
Porque nunca mais ele será o mesmo nem tu que o estás vivendo. 
Absorve-o todo em ti, impregna-te dele e que ele não seja pois em vão no dar-se-te todo a ti. 
Olha o sol difícil entre as nuvens, respira à profundidade de ti, ouve o vento. 
Escuta as vozes longínquas das crianças, 
o ruído de um motor que passa na estrada, 
o silêncio que isso envolve e que fica. 
E pensa-te a ti, que disso te apercebes, sê vivo aí, sente-te aí. 
E que nada se perca infinitesimalmente no mundo que vivesse na pessoa que és. 
Assim o dom estúpido e miraculoso da vida 
não será a estupidez maior de não teres cumprido integralmente, 
de o teres desperdiçado numa vida que terá fim.

Vergílio Ferreira
em "Vive o Instante que Passa"

Arte by Chelìn Sanjuan




Quantos dias se passam sem tu apareceres. 
E às vezes penso é bom que assim seja, para eu aprender a estar só. 
Mas de outras vezes rompes-me pela vida dentro e eu quase sufoco da tua presença. 
Ouço-te dizer o meu nome e eu corro ao teu encontro e digo-te: vai-te, vai-te embora. 
Por favor. 
E eu sinto-me logo tão infeliz. 
E digo-te não vás. Fica. 
Para sempre. 
Há em mim uma luta entre o desejo de que te esqueça e o de endoidecer contigo. 
Porque tu foste de um mundo incorruptível onde o tempo não passa 
e é aí que tu moras no eterno de ti.

Vergílio Ferreira

Arte by Matteo Arfanotti



segunda-feira, 8 de outubro de 2018

A boca


Apenas uma boca. A tua boca
Apenas outra, a outra tua boca
É primavera e ri a tua boca
De ser agosto já na outra boca

Entre uma e outra voga a minha boca
E pouco a pouco a polpa de uma boca
Inda há pouco na popa em minha boca
É já na proa a polpa de outra boca.

Sabe a laranja a casca de uma boca
Sabe a morango a noz da outra boca
Mas sabe entretanto a minha boca

Que apenas vai sentindo em sua boca
Mais rouca do que a boca a minha boca
Mais louca do que a boca a tua boca.

David Mourão Ferreira 

Imagem: Google




Eram, na rua, passos de mulher.
Era o meu coração que os
soletrava.
Era, na jarra, além do malmequer,
espectral o espinho de uma rosa
brava.

Era, no copo, além do gim, o gelo;
além do gelo, a roda de limão .
Era a mão de ninguém no meu 
cabelo.
Era a noite mais quente deste
verão.

Era no gira-discos, o Martírio
de São Sebastião, de Debussy .
Era, na jarra, de repente, um lírio
Era a certeza de ficar sem ti.

Era o ladrar dos cães na
vizinhança.
Era, na sombra, um choro de
criança .

David Mourão Ferreira


Arte de Catrin Welz-Stein



Tua ausência
rumor branco e inaudível
na paisagem perturbada.

Táctil
na aspereza dos dias,
no calafrio do corpo.

Uivo de coiote,
prolongado ai de quem
à boca da noite
espera e não tem,
condenado da errância
de te amar à distância.

Miguel Afonso Andersen
em "Circum-Navegações"

(Arte de Cosimo Ruggieri)




Clara
a certeza
do exato instante
em que a faísca se fez lume
e o lume esta fogueira
incendiando 
de novo
os dias e as noites
me traz nesta ansiedade
neste intenso
e imenso ardor
que na verdade
sei, chamar-se amor.

Miguel Afonso Andersen
em "Circum-Navegações

(Arte de Liiga Smilshkalne)


Olhar

Entre o dia que morre
e a noite que vem
uma lágrima escorre
no silêncio de alguém

- silhueta que vi
e ainda me seduz
ao passar por aqui
como um raio de luz

cada vez mais perdido
do seu resto de sol
agora adormecido
nesta sombra que engole

cada último passo
a caminho do nada
como se nenhum espaço
fosse a minha morada.

Fernando Pinto do Amaral



(Arte de Kyle Baker)




É tão fácil amar lugares
que não existem

recordar praças e pontes e travessas
onde nunca morremos por ninguém

quartos na penumbra de estores corridos
sobre a sonolência dos gatos em agosto
onde nunca chegamos atrasados

o tampo de mármore de mesas de café
onde as nossas mãos não se esconderam
por alguém ter entrado antes de nós

é tão fácil lembrar nomes e rostos e destinos
e coloca-los em nossos ombros e festejar com eles

as luminosas horas em que a vida
nos rodeava a cintura como um amante possessivo
e nos repetíamos o nome das cidades

onde nada disso tinha acontecido

é tão fácil assim
dizer adeus
sabendo que Deus nem sequer assiste
à despedida.

Alice Vieira

Arte de Naoto Hattori



Interlúdio com ...

Will You Still Love Me Tomorrow - Norah Jones

Will You Still Love Me Tomorrow

Norah Jones

Tonight you're mine completely
You give your love so sweetly
Tonight the light of love is in your eyes
Will you still love me tomorrow?

Is this a lasting treasure
or just a moment pleasure?
Can I believe the magic of your sight?
Will you still love me tomorrow?

Tonight with words unspoken
You said that I'm the only one
But will my heart be broken
When the night meets the morning sun?

I like to know that your love
This know that I can be sure of
So tell me now cause I won't ask again
Will you still love me tomorrow?

Will you still love me tomorrow?
Will you still love me tomorrow?...

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