sexta-feira, 2 de maio de 2008

“Lágrimas Ocultas”

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Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida ...

E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago ...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim ...

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

Florbela Espanca

2 comentários:

  1. Olá Florzinha do meu coração...
    Isto é verdadeiramente Florbela Espanca!
    Obrigada!
    beijos

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  2. Therezinha... quando postei este sabia que vc ia gostar...

    Bjs.

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