sábado, 30 de janeiro de 2010

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Uma poesia ártica,
claro, é isso que eu desejo.
Uma prática pálida,
três versos de gelo.
Uma frase-superfície
onde vida-frase alguma
não seja mais possível.
Frase, não, Nenhuma.
Uma lira nula,
reduzida ao puro mínimo,
um piscar do espírito,
a única coisa única.
Mas falo. E, ao falar, provoco
nuvens de equívocos
(ou enxame de monólogos?)
Sim, inverno, estamos vivos.

Paulo Leminsk

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5 comentários:

  1. “E, ao falar, provoco” a mais perfeita das poesias…

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  2. Quanta provocação.

    Belíssimo poema.


    abraços

    Hugo

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  3. Mas bah, guria.
    ...nuvens de equívocos...
    Calar ou falar podem ser iguais, a verdade de cada um, está naqueles que escutam...Ou não.

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  4. Flor,

    ..."Sim,inverno, estamos vivos."

    Apesar das muitas palavras, um poema minimalista. Este é Paulo Leminski.

    Beijos!
    Alcides

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  5. Minha querida Flor
    Lindissímo poema.
    belas escolhas sempre.

    beijinhos
    Sonhadora

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