domingo, 25 de abril de 2010

"Se eu morrer de manhã"

.
.
Se eu morrer de manhã
abre a janela devagar
e olha com rigor o dia que não tenho.

Não me lamentes. Eu não me entristeço:
ter tido a morte é mais do que mereço
se nem conheço a noite de que venho.

Deixa entrar pela casa um pouco de ar
e um pedaço de céu
- o único que sei.
Talvez um pássaro me estenda a asa
que não saber voar
foi sempre a minha lei.

Não busques o meu hálito no espelho.
Não chames o meu nome que eu não venho
e do mistério nada te direi.

Diz que não estou se alguém bater à porta.
Deixa que eu faça o meu papel de morta
pois não estar é da morte quanto sei.

Rosa Lobato Faria




.

4 comentários:

  1. ... diga que nao estou ,isso é ótimo.
    e se fazer de morta é melhor ainda
    rs
    Rosa Lobato Faria, nao conhecia a poeta. Gostei Florzinha.
    boa semana
    abraços

    ResponderExcluir
  2. Flor,
    Rosa Lobato é dentro, é dentro quando entro aqui...

    Abraço poético,
    Pedro Ramúcio.

    ResponderExcluir
  3. Adorei, Florzinha! Muito bonito!

    Beijinhos...

    ResponderExcluir
  4. Lindo poema, e uma escolha digna da tua sensibilidade!

    Beijos, querida!

    ResponderExcluir

Que bom que você veio! A casa é sua, puxe uma cadeira... aceita um café, uma água, ou prefere algo mais forte?