quarta-feira, 21 de abril de 2010

"A Viagem Definitiva"

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Fotografia: Grotegut
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Ir-me-ei embora. E ficarão os pássaros
Cantando.
E ficará o meu jardim com sua árvore verde
E o seu poço branco.

Todas as tardes o céu será azul e plácido,
E tocarão, como esta tarde estão tocando,
Os sinos do campanário.

Morrerão os que me amaram
E a aldeia se renovará todos os anos.
E longe do bulício distinto, surdo, raro
Do domingo acabado,
Da diligência das cinco, das sestas do banho,
No recanto secreto do meu jardim florido e caiado
Meu espírito de hoje errará nostálgico...
E ir-me-ei embora, e serei outro, sem lar, sem árvore
Verde, sem poço branco,
Sem céu azul e plácido...
E os pássaros ficarão cantando.

Juan Ramón Jiménez

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3 comentários:

  1. Anônimo21/4/10

    é um dia todos vamos embora mas há também o dia da volta!!!
    e ficamos indo e voltando.

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  2. Mas bah, guria.
    Que linda escolha, a morte sempre nos traz esse paradóxo; as caoisas podem ser transitórias, mas também definitivas...

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  3. Adoro este tom elegíaco, plácido....muito belo poema.

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Que bom que você veio! A casa é sua, puxe uma cadeira... aceita um café, uma água, ou prefere algo mais forte?