domingo, 4 de maio de 2008

"Anseios"

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Meu doido coração aonde vais,
No teu imenso anseio de liberdade?
Toma cautela com a realidade;

Meu pobre coração, olha que cais!
Deixa-te estar quietinho! Não amais
A doce quietação da soledade?

Tuas lindas quimeras irreais,
Não valem o prazer duma saudade!
Tu chamas ao meu seio, negra prisão!

Ai, vê lá bem, ó doido coração,
Não te deslumbres o brilho do luar!...
Não 'stendas tuas asas para o longe..
Deixa-te estar quietinho, triste monge,
Na paz da tua cela, a soluçar...

Florbela Espanca

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