quarta-feira, 7 de maio de 2008

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Eu adoro todas as coisas
e o meu coração é um albergue aberto toda a noite.
Tenho pela vida um interesse ávido
que busca compreendê-la sentindo-a muito.

Amo tudo, animo tudo, empresto humanidade a tudo,
aos homens e às pedras, às almas e às máquinas,
para aumentar com isso a minha personalidade.

Pertenço a tudo
para pertencer cada vez mais a mim próprio
e a minha ambição era trazer o universo ao colo
como uma criança a quem a ama beija.

Eu amo todas as coisas, umas mais do que as outras,
não, nenhuma mais do que a outra, mas sempre mais as que estou vendo
do que as que vi ou verei.

Nada para mim é tão belo como o movimento e as sensações.
A vida é uma grande feira e tudo são barracas e saltimbancos.
Penso nisso, enterneço-me mas não sossego nunca.

Álvaro de Campos

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