sábado, 20 de dezembro de 2008

"Abracemos a Noite"

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Abracemos a noite
Que chega do abismo,
Instruída e calada. 
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Em seu peito de treva
Descansemos a alma
Tão desesperada
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Contemplemos a noite
Vestida de sombra,
De tempo adornada. 
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Tão maternal e estranha,
Tão simples, tão deusa,
Fácil e inviolada,
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Que a varanda remota
De um negro horizonte
Prolonga, admirada. 
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Abracemos a noite
Que tece e destece
A frágil escada.
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Cecília Meireles

Um comentário:

  1. Flor,

    Sem insônia, preocupado com contas, sem almas para velar, sem lamúria, por falta de abrigo, a noite é um mistério que vale a pena desvendar.

    Beijos!
    Alcides

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