quinta-feira, 22 de outubro de 2009

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Podes vender-me a chuva?
A água que forma tuas lágrimas molha tua língua?
Podes vender-me um dólar de água da fonte?
Um nuvem crespa, me venderias?
Ou, quem sabe, água chovida das montanhas?
Ou água dos charcos, abandonada aos cães?
Ou uma légua de mar, talvez um lago?
A água cai e corre. A água corre. Passa.
Ninguém a possui. Ninguém.
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Podes vender-me terra?
A profunda noite das raízes, dentes de dinossauros,
A cauda espersa de longínquos esqueletos?
Podes vender-me selvas já sepultadas, aves mortas,
Peixes de pedra, enxofre dos vulcões,
Milhões e milhões de anos em espiral crescendo?
Podes vender-me terra?
Podes vender-me?
Podes?
A tua terra é terra minha,
todos os pés se apóiam nela.
Ninguém a possui.
Ninguém.
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Nicolas

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2 comentários:

  1. Que poema excelente!
    «podes vender-me a chuva?»...
    Espero que tenhas um excelente sábado e sintas muita tranquilidade.
    Obrigada pelas tuas palavras no meu blogue.
    Beijinho

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  2. Flor,

    Palavras reflexivas. Pensei num Índio.

    Beijo!
    Alcides

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