domingo, 2 de janeiro de 2011

"Depois do Sol"



Fez-se noite com tal mistério,
Tão sem rumor, tão devagar,
Que o crepúsculo é como um luar
Iluminando um cemitério

Tudo imóvel . . . Serenidades
Que tristeza, nos sonhos meus!
E quanto choro e quanto adeus
Neste mar de infelicidades!

Oh! Paisagens minhas de antanho
Velhas, velhas . . . Nem vivem mais
— As nuvens passam desiguais,
Com sonolência de rebanho

Seres e coisas vão-se embora
E, na auréola triste do luar,
Anda a lua, tão devagar,
Que parece Nossa Senhora

Pelos silêncios a sonhar

Cecília Meireles


Imagem Google, sem autoria mencionada

Um comentário:

  1. Flor...
    começar a semana com um poema desse da Cecília...nossa é brilhante!

    abraços

    de luz e paz

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