segunda-feira, 17 de janeiro de 2011



Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Álvaro de Campos
excerto de Tabacaria

Imagem: "Fernando Pessoa", de Julio Pomar

2 comentários:

  1. divino momento de lucidez. adorei. bjs

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  2. Minha querida

    deixando um beijinho e desejando boa semana.

    Sonhadora

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