Arte de Danny O’Connor
Esperava de mãos cruzadas sobre a saia do vestido de sonhos.
Alheada do mundo restante, da luz e da sombra, do branco e do negro.
Tinha tecido uma teia de cores que ninguém via.
Sentia-se enredada nela, imobilizada. Nem um dedo mexia, naquela espera.
Só o vestido ondulava, convite a quem conseguisse olhá-la e ver.
Mas à volta dela, para lá da teia, todos pareciam cegos. Talvez surdos também.
Porque, embora quieta no sonho com que se vestia, dela saía um grito
que podia acordar o mundo. Um terrível grito de silêncio.
Alice Daniel

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