segunda-feira, 10 de março de 2014

Ah, os relógios


Fotografia de Piotrus

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios…

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida – a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os anjos entreolham-se espantados
quando alguém – ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são…

Mario Quintana 
em A Cor do Invisível


2 comentários:

  1. Lindo esse poema de Quintana, Flor!
    Não o conhecia...
    Parabéns!

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  2. Quintana sempre nos encanta, sempre nos surpreende. Adoro!
    Um abraço, Carlos Maia!

    Flor ♥

    ResponderExcluir

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