sexta-feira, 27 de outubro de 2017

De alma e de corpo


Imagem: Pinterest

quando me despi de todas as vontades, 
passei fome. 
a coisa faminta escravizou o que eu era, 
emudeceu o que eu seria. 
e na letargia da pele cinza, da rua fria, 
descobri que não nasci pra mudez.
a mudez que me vestia de pudores, 
que me sugava os poderes 
e alimentava predadores.
a tensa e boa nudez da minha alma... 
é a letra crua, cheia de vontades, 
certa de desejos e deserta de sutilezas vis. 
foi assim, por um triz, que me abandonei num falso porto. 
e retornei juntando as postas. e me refiz de alma e corpo.

Mario Liz


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