quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Diante de dois retratos de minha mãe

Fotografia de minha mãe e eu - 1961

Amo minha mãe neste quadro plano
Pintada nos seus anos de menina
Face alva, olhar que ilumina
Tal qual um espelho veneziano

Aqui, minha mãe, não é mais suprema
Rugas marcam seu rosto conservado
Perdeu o brilho do tempo passado
De núpcias cantadas como poema.

Hoje eu comparo os dois descontente
A face alegre e a face triste
Densa névoa em áureo poente.

Mistério no meu coração persiste
Por que, aos lábios tristes, eu sorri?
E ao sorriso, chorei, quando o vi?

Émile Nelligan 
(1879-1941)



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