quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

De ilhas

 
Arte de Gabriel Pacheco

De ilhas
sei cada silêncio
acerca do que sou

há cerca feita de vento
difícil fincar os pés
quando se é asa

que se faz vela de navegar
e parte
para além de dogmas

há um oceano suspenso
arrebentando nas paredes
de minhas artérias

esse mar que me navega
inventa territórios mais reais que o chão
(que engole a vida com sua bruta poesia)

eu quero o despertar da alma sem nenhum alarme
sem pressa
ser a presa

e a fome lenta que aprecia a boca
o mastigar do alimento
quero transformar o espírito (do tempo)

para além da matéria
ser etérea
e do Todo fazer meu toldo

uma casa e um telhado de estrelas
uma aldeia entoando um cântico
evocando o deus que sou.

eu quero Soul no blues do fim do dia.

Laryssa Costa




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