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os mortos continuam morrendo
entre nós
passam-se dias, e ainda se veem fios de cabelos na escova
passam-se meses, até anos
e o pedaço de papel que foi deixado na gaveta reaparece
e pela caligrafia encontramos o pulso
e pelo pulso, o sangue
os mortos continuam morrendo
vão indo aos poucos, enquanto olhamos suas fotografias, seus verões passados
e vez ou outra lembramos que podemos tocar seus rostos com a ponta dos dedos
eles não se turvarão
não desaparecerão como se fossem reflexo na superfície da água
(hão de amarelar um dia, e então falaremos deles como sóis se pondo)
para que tenhamos onde descansar os olhos, por isso os mortos morrem assim, tão ternos
para que tenhamos altares
para que tenhamos lugares
em torno de onde
dizer alguma
palavra
entre nós
passam-se dias, e ainda se veem fios de cabelos na escova
passam-se meses, até anos
e o pedaço de papel que foi deixado na gaveta reaparece
e pela caligrafia encontramos o pulso
e pelo pulso, o sangue
os mortos continuam morrendo
vão indo aos poucos, enquanto olhamos suas fotografias, seus verões passados
e vez ou outra lembramos que podemos tocar seus rostos com a ponta dos dedos
eles não se turvarão
não desaparecerão como se fossem reflexo na superfície da água
(hão de amarelar um dia, e então falaremos deles como sóis se pondo)
para que tenhamos onde descansar os olhos, por isso os mortos morrem assim, tão ternos
para que tenhamos altares
para que tenhamos lugares
em torno de onde
dizer alguma
palavra
Mar Becker

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