domingo, 12 de abril de 2020

No silêncio dos jardins

 
Imagem da Web
 
Se um dia regressares, a terra estremecerá na memória
de tua ausência. E a água formará um vasto oceano no outro
lado do teu olhar.

Regressarás, talvez, quando o ar se tornar rubro em redor
do meu sono – e o lume das horas, a pouco e pouco,
saciar a boca que clama pelo teu nome.

Encontrar-nos-emos nas imagens deste jardim de
afetos e de ódios. Porque os jardins são labirínticas arquiteturas
mentais, onde podemos rasgar os corpos de
qualquer voragem do tempo.

Por isso, enquanto não regressas, construo jardins de areia e cinza, jardins de
água e fogo, jardins de répteis e de
ervas aromáticas, jardins de minerais e de cassiopeias –
mas todos abandono à invasão do tempo e da melancolia.

Mas se um dia regressares, passeia-te por dentro do
meu corpo. Descobrirás o segredo deste jardim interior –
cuja obscuridade e penumbras guardaram intacto o
noturno coração.

Al Berto



 

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