terça-feira, 27 de maio de 2008

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Essa sensação de ir descalço, a camisa
cheirando a sol de varal.
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Tu, minha mulher, eras corrente e água calma,
as oscilações da palha e trigo.
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Teu corpo arvorava nos lábios indecisos ou nos cabelos?
Na encosta da cinta ou nas dunas dos seios?
Quando começavas a te revelar? No desejo apetecido
ou na fome de um filho?
Como definir se a luz deitou as vestes?
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Cumprias distâncias em mim.
Madrugando não alcançaria.
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Venho de tua lonjura, os braços eram remos
no barco e aço da âncora.
Acostumado à extensão das raízes,
não sobrevivo no vaso dos pés.
Passei a vida aprendendo a respeitar teu espaço. Como povoá-lo
após tua partida?
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Fabrício Carpinejar

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