sábado, 7 de junho de 2008

"Angústia"

.

.
Há uma estranha beleza na noite ! Há uma estranha beleza !
Oh, a transcendente poesia
que verso algum traduz...
.
A via-láctea, inteiramente acesa
parece a fotografia
de um tufão de luz !
.
- Quem seria,
quem seria
que pregou lá no céu aquela imensa cruz?
.
Que infinita serenidade...
Que infinita serenidade misteriosa
nesse infinito azul dos céus e em tudo mais:
nos telhados, nas ruas, na cidade...
.
( Só os gatos gritam na noite silenciosa
sensualíssimos ais !)
.
Meu Deus, que noite calma... E aquela trepadeira
feminina e ligeira
veio abrir bem na minha janela
uma flor - como uma boca rubra e bela
que não terei...
.
- E ainda sinto nos lábios um travo nauseante
do amor que faz bem pouco, há apenas um instante,
paguei...
.
E o céu azul assim... E essa serenidade!
Silêncio - A noite, o luar ... Tão claro o luar lá fora...
Juraria que há alguém, não sei onde que chora...
.
Oh, a angústia invencível que me prostra
invade
e me devorar ...
,
J. G. de Araujo Jorge

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Que bom que você veio! A casa é sua, puxe uma cadeira... aceita um café, uma água, ou prefere algo mais forte?