Crédito da imagem: Pinterest
Há ainda, no teu quarto,
aquela figura de Fátima que sempre te acompanhou.
Estás lá. Lá, dizemos-te olá, mãe.
Há ainda, na sala,
junto à porta que dá para o alpendre, aquele cadeirão
no qual te sentavas para teres luz para as costuras.
Estás lá. Lá, dizemos-te olá, mãe.
Há ainda, na cozinha,
cada objecto no lugar onde os deixaste.
Estás lá. Lá, dizemos-te olá, mãe.
Há ainda, lá fora,
os vasos dispostos como os dispuseste.
Alguns já começaram a partir, mas vamos tentar deixá-los lá
pelo tempo que forem resistindo.
Porque estás lá. E lá queremos dizer-te olá, mãe.
Há ainda, em nós, muito de ti.
Mãe: lembramo-nos de ti, nunca te esquecemos –
muitas vezes, quando fechamos os olhos,
é para te dizermos olá.
Olá, mãe. Nos meus olhos não há água.
Sou ainda o menino que deixaste na escola pela primeira vez
e a quem disseste para não chorar. Não choro,
mas a escola da vida, ao contrário da dos livros, precisava de ti.
Contigo, aprendi o amor eterno:
o que só existe quando alguém não sai de nós.
Saíste do mundo dos outros
mas não saíste do mundo dos que te amam.
Não saíste dele, não saíste de mim.
[De mão no peito] Não saíste daqui – Olá, mãe!
Fazes anos hoje, porque ainda nos vives.
E penso em tudo quanto me lembra de ti,
como se tudo fosse um teu “Olá, filho”.
Sérgio Lizardo
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