Fotografia de minha mãe e eu - 1961
Amo minha mãe neste quadro plano
Pintada nos seus anos de menina
Face alva, olhar que ilumina
Tal qual um espelho veneziano
Aqui, minha mãe, não é mais suprema
Rugas marcam seu rosto conservado
Perdeu o brilho do tempo passado
De núpcias cantadas como poema.
Hoje eu comparo os dois descontente
A face alegre e a face triste
Densa névoa em áureo poente.
Mistério no meu coração persiste
Por que, aos lábios tristes, eu sorri?
E ao sorriso, chorei, quando o vi?
Émile Nelligan
Amo minha mãe neste quadro plano
Pintada nos seus anos de menina
Face alva, olhar que ilumina
Tal qual um espelho veneziano
Aqui, minha mãe, não é mais suprema
Rugas marcam seu rosto conservado
Perdeu o brilho do tempo passado
De núpcias cantadas como poema.
Hoje eu comparo os dois descontente
A face alegre e a face triste
Densa névoa em áureo poente.
Mistério no meu coração persiste
Por que, aos lábios tristes, eu sorri?
E ao sorriso, chorei, quando o vi?
Émile Nelligan
(1879-1941)
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