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Quero tudo bem profano
por detrás da porta,
por baixo do pano.
Numa compostura torta
de coisa pregressa.
Quero ser feliz e tenho pressa;
quero a vida por um triz,
a alma por um fio;
quero o pavio queimando
e a vela derretendo;
quero a estrela se desvanecendo
em gozo
e o cio prazeroso da manhã.
Quero ver a febre
evaporar a coisa sã
e regurgitar na castidade;
quero dissolver a densidade,
absorver a abstração.
Quando a pétala desagregar,
desconcluir,
desconjugar,
quando a rocha fender
e o cristal se quebrar,
vai começar a verdadeira
floração.
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Flora Figueiredo
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