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No céu também há uma hora melancólica.
Hora difícil, em que a dúvida penetra as almas.
Por que fiz o mundo? Deus se pergunta
E se responde: - Não sei.
Os anjos olham-no com reprovação,
e plumas caem.
Todas as hipóteses: a graça, a eternidade, o amor
caem, são plumas.
Outra pluma, o céu se desfaz.
Tão manso, nenhum fragor denuncia
o momento entre tudo e nada,
ou seja, a tristeza de Deus.
Carlos Drummond de Andrade
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5 comentários:
Minha querida
Como sempre um belo poema.
deixo o meu carinho e um beijinho.
Sonhadora
olá flor!
quantos sentimentos,questões sem resposta pequena grande hora da melancolia.
Passando pra te desejar um ótimo final de semana Flor...
amei a escolha do Drummond
Abraços
Hugo
Não foi tudo mau não acto da “criação”… a natureza que nos rodeia é de um valor inquantificável, absoluta perfeição…
Que incrível esse poema do Drummond, não o conhecia. Muito claro nele um certo ateísmo, ou melhor, um existencialismo do poeta.
A tristeza de Deus são nossos nós existenciais, nossa herança. Mas a alegria do mesmo nos faz querer dançar.
Grande abraço. Gostei muito desta música deste domingo, 21 de Março.
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