Esta estrada onde moro, entre duas voltas do caminho,
Interessa mais que uma avenida urbana.
Nas cidades todas as pessoas se parecem.
Todo o mundo é igual. todo o mundo é toda a gente.
Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma.
Cada criatura é única.
Até os cães.
Estes cães da roça parecem homens de negócios:
Andam sempre preocupados.
E quanta gente vem e vai!
E tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar:
Enterro a pé ou a carrocinha de leite puxada por um bodezinho
manhoso.
Nem falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz dos símbolos,
Que a vida passa! que a vida passa!
E que a mocidade vai acabar.
Manuel Bandeira
Fotografia de Roberto Hunger Junior
3 comentários:
Querida Flor,
gosto tanto de Manuel Bandeira!
Este poema é uma maravilha.
Beijinho
Boa noite, querida!
Seu espaço continua lindo!
Parabéns pelas belas postagens!
Beijos,
Mara
Que maravilha, Dalva, assino em baixo, um poema do grande Bandeira que eu gostaria de ter escrito. E que foto maravilhosa. Grande abraço. Parabéns pelo lindo blog.
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