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Mário Quintana
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Meu Quintana, os teus cantares
Não são, Quintana, cantares:
São, Quintana, quintanares.
Quinta-essência de cantares...
Insólitos, singulares...
Cantares? Não! Quintanares!
Quer livres, quer regulares,
Abrem sempre os teus cantares
Como flor de quintanares.
São cantigas sem esgares.
Onde as lágrimas são mares
De amor, os teus quintanares.
São feitos esses cantares
De um tudo-nada: ao falares,
Luzem estrelas luares.
São para dizer em bares
Como em mansões seculares
Quintana, os teus quintanares.
Sim, em bares, onde os pares
Se beijam sem que repares
Que são casais exemplares.
E quer no pudor dos lares.
Quer no horror dos lupanares.
Cheiram sempre os teus cantares
Ao ar dos melhores ares,
Pois são simples, invulgares.
Quintana, os teus quintanares.
Por isso peço não pares,
Quintana, nos teus cantares...
Perdão! digo quintanares
Manuel Bandeira
in Coletânea 80 anos de Poesia.
Editora Globo, 1986
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5 comentários:
Querida Flor
Aprendi a gostar de Mário Quintana, convosco, irmãos brasileiros. Mas este poema está para além. Está mesmo Quintana.
Beijinho
Isabel
É lindo ver a admiração de um escritor para outro...
abraços
de luz e paz
Adorei passear por aqui,Flor!
Lindos post!
Bjs
Flor,
Homenagear é uma das formas mais linda de dizer Te Amo...
E que homenagem do Bandeira aos cantares, perdão!, digo quintanares, do eterno poeta gaúcho...
Drummond o reverenciara tão lindamente também, feito você agora...
Abraço quintaneado,
Pedro Ramúcio.
Minha querida
Como sempre escolhas belas.
Estou fazendo um ano de blogue, se quizeres passar.
Beijinhos
Sonhadora
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