Quando não havia quase nada na terra e muito nevoeiro no céu, Deus viu
que tinha tristeza nos olhos e
disse:
haja mais luz,
e as flores nasceram e as cores.
Que lindo,
disse Deus,
e recolheu-se nos aposentos.
No dia seguinte, abertas as janelas, Deus pensou na maneira como as flores
deviam espalhar as sementes,
e disse:
cada flor tenha uma pétala borboleta,
e os jardins encheram-se de crianças.
Vou ficar aqui,
disse Deus,
e pôs escritos nos vidros.
As crianças não deram conta de nada.
Andaram aos saltos em terra mole e loira
como papinhas de aveia, nuns sítios,
e mais morena nos de alguma sombra.
Tinham salpicos nas pernas e sardas nas bochechas.
Os cabelos iam arranjando as cores da luz.
Mas os pés de Deus abriam crateras e iam arrastados, a sujar as cores do chão.
Parou para descansar, pensou e disse:
que a água vá por caminhos seus
e deixe bocados de terra firme.
Apareceram rios grandes, ribeiros e arroios,
margens seguras por salgueiros, meruges e outras ervas.
E Deus meditou muito.
Passava uma aragem fina, de som de harpas e liras.
Deus pensou muito, nas árvores e naquela espécie de música.
Ficou triste outra vez,
e tirou os escritos das vidraças.
Zef (Zeferino)
In http://www.vozromazeira.blogspot.com/
Imagem Google, sem autoria definida
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