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Somos os grandes solitários,
corpos na noite, vozes sem sentido.
A qualquer hora, a mesma sombra
cai sobre nós.
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(Podes falar, ninguém te ouve.
Noite tão noite, nunca se viu.
Cada soluço, que vem de longe
chega, mas, de onde, ninguém sabe,
como se fora teu soluço
que vem de longe.)
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Somos os grandes solitários.
Soa a morte
cresce em nós e deita raízes em nosso espírito.
Corpos na sombra, vozes sem destino,
mudos, erramos sem destino.
E, a qualquer hora, a mesma sombra
cai sobre nós.
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Emílio Moura
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