Fotografia de Lucia de Moura Chamma
Um dia seremos tudo isso
um dia faremos silêncio
seremos pausa como as coisas gêmeas colocadas
sobre as mesas de centro, sobre as estantes altas em salas
nobres e intocadas. pares perfeitos, banhados pelo sol que escapa
pela fresta da persiana discreta
seremos para sempre mudos
inertes
parelhos e empoeirados como as matrioskas
os elefantes os macacos os candelabros de prata
teremos esquecido como é amar — esse praticar de infinitos
em pequenos gestos
e não saberemos dizer qual foi o instante
em que cessaram riso, abraço, murmúrio ou o toque das nossas
mãos entre as cobertas felpudas, ou os códigos trocados
por nossos olhos treinados em acender vontades
teremos rasgado cartas
e escondido fotos amarelecidas no fundo
das gavetas de uma cômoda velha, e derramado na pia
os nossos vidros de perfume prediletos, e empurrado
goela abaixo a cumplicidade de uma vodca gelada
seremos choro e choro
: o que escorre sem controle : o que molha só a alma.
um dia seremos tudo isso
um dia faremos silêncio
seremos pausa como as coisas gêmeas colocadas
sobre as mesas de centro, sobre as estantes altas em salas
nobres e intocadas. pares perfeitos, banhados pelo sol que escapa
pela fresta da persiana discreta
seremos para sempre mudos
inertes
parelhos e empoeirados como as matrioskas
os elefantes os macacos os candelabros de prata
teremos esquecido como é amar — esse praticar de infinitos
em pequenos gestos
e não saberemos dizer qual foi o instante
em que cessaram riso, abraço, murmúrio ou o toque das nossas
mãos entre as cobertas felpudas, ou os códigos trocados
por nossos olhos treinados em acender vontades
teremos rasgado cartas
e escondido fotos amarelecidas no fundo
das gavetas de uma cômoda velha, e derramado na pia
os nossos vidros de perfume prediletos, e empurrado
goela abaixo a cumplicidade de uma vodca gelada
seremos choro e choro
: o que escorre sem controle : o que molha só a alma.
um dia seremos tudo isso
Cinthia Kriemler
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