Autoria desconhecida
~ excerto ~
2
Escolho o galho
mais ajeitado à minha condição
e, como a ave a quem o voo se esgota
temporariamente, apeio-me do voo.
E também como a ave que, acabada
de pousar, bate ainda as asas
por duas ou três vezes,
assim as bato eu.
Mas enquanto a ave as bate
como para sacudir delas
os resíduos do voo,
eu faço-o por exigência de equilíbrio:
o ramo verga, já não tenho
a agilidade doutros tempos,
cairia se não batesse as asas.
Isto é: bato-as da mesma forma que
o funâmbulo* tenteia a vara
e o cego a bengala.
Para me acomodar mais facilmente
no exterior do voo.
A. M. Pires Cabral
Escolho o galho
mais ajeitado à minha condição
e, como a ave a quem o voo se esgota
temporariamente, apeio-me do voo.
E também como a ave que, acabada
de pousar, bate ainda as asas
por duas ou três vezes,
assim as bato eu.
Mas enquanto a ave as bate
como para sacudir delas
os resíduos do voo,
eu faço-o por exigência de equilíbrio:
o ramo verga, já não tenho
a agilidade doutros tempos,
cairia se não batesse as asas.
Isto é: bato-as da mesma forma que
o funâmbulo* tenteia a vara
e o cego a bengala.
Para me acomodar mais facilmente
no exterior do voo.
A. M. Pires Cabral
funâmbulo
substantivo masculino
1.
equilibrista que anda na corda bamba ou arame, demonstrando sua destreza em exibições públicas; aramista, burlantim.
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