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Apaixone-se por mim.
Não um amor de mesa posta,
talheres de prata, toalha de renda,
não um amor de terça-feira,
água morna, gaveta arrumada.
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Apaixone-se por mim
no meio de uma tarde de chuva, rua alagada,
rosas na mão, um amor faminto,
urgente, latejante, um amor de carne,
sangue e vazantes, um amor inadiável
de perder o rumo o prumo e o norte,
me ame um amor de morte.
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Não me dê um amor adestrado que senta,
deita, rola e finge de morto,
que late, lambe e dorme.
Apaixone-se felino, sorrateiramente e
assim que eu me distrair, me crave os dentes,
as unhas, role comigo e perca-se em mim
e seja tão grande a ponto de me deixar perder.
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Ame minhas curvas, minha vulva, minha carne,
me fecunde e se espalhe
por meus versos, meus reversos, meus entalhes.
Deixe eu me sentir amada, desejada,
glorificada em corpo e espírito
que eu nunca soube o que é ser de alguém,
mas preciso que me ensines, que me fales, que me cales, amém.
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Patrícia Antoniete
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