Estou de volta... como a primavera!

"Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa..."

Manuel Antonio Pina

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Florbela - Eterna Flor

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“Quero voltar! Não sei por onde vim…
Ah! Não ser mais que a sombra duma sombra
Por entre tanta sombra igual a mim!”
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Florbela Espanca
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Tornou-se eterna essa minha Florbela,
Seus poemas romperam o tempo...
De saudade, são 78 anos!
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Todo esse tempo sem você...
mas estás aqui... e aqui ficarás para sempre!
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A Noite Desce
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Como pálpebras roxas que tombassem
Sobre uns olhos cansados, carinhosas,
A noite desce… Ah! doces mãos piedosas
Que os meus olhos tristíssimos fechassem!
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Assim mãos de bondade me beijassem!
Assim me adormecessem! Caridosas
Em braçados de lírios, de mimosas,
No crepúsculo que desce me enterrassem!
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A noite em sombra e fumo se desfaz…
Perfume de baunilha ou de lilás,
A noite põe embriagada, louca!
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E a noite vai descendo, sempre calma…
Meu doce Amor tu beijas a minh’alma
Beijando nesta hora a minha boca!
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Florbela Espanca - Livro de Soror Saudade
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Para Florbela, amar é um gesto mágico:
é uma experiência única, é a força motriz da sua alma, e por isso quer amar, amar perdidamente.
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Sua obra mostra está impregnada de ampla gama de estados emocionais ligados ao amor, desde a exaltação dos sentidos (entrega por inteiro), até ao desejo de sacrifícios, oscilando entre momentos de plenitude e de grande fragilidade emocional, decorrentes de relações amorosas frustradas ou que não a preencheram.
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Parece que não consegue encontrar satisfação no amor, oscilando entre momentos de ternura e outros de desencontro e sofrimento.
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Em Florbela, o amor é sempre um amor perdido,
mesmo antes de ser encontrado;
acarreta sucessivas desilusões, que ela procura compensar com um novo amor, que lhe traz novas desilusões.
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É um amor impossível, que só mostra mentiras e lhe traz desilusões,
como mostra o soneto «Princesa Desalento».
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Princesa Desalento
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Minh'alma é a Princesa Desalento,
Como um Poeta lhe chamou, um dia.
É revoltada, trágica, sombria,
Como galopes infernais de vento!
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É frágil como o sonho dum momento,
Soturna como preces d'agonia,
Vive do riso duma boca fria!
Minh'alma é a Princesa Desalento…
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Altas horas da noite ela vagueia…
E ao luar suavíssimo, que anseia,
Põe-se a falar de tanta coisa morta!
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O luar ouve a minh'alma, ajoelhado,
E vai traçar, fantástico e gelado,
A sombra duma cruz à tua porta…
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(Florbela Espanca, «Livro de Soror Saudade», in «Poesia Completa»)
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À Florbela
(em sua memória)
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Sou eu, Florbela! Aquele que buscaste.
Falam de mim Teus versos de Menina.
Tua boca p’ra mim se abriu, divina,
mas foi só o Luar que Tu beijaste.
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Hás-de voltar, Florbela!… Em débil haste,
por entre os trigos cresce, purpurina,
a mais fresca papoila da campina
que, só por me veres, não cortaste.
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Eu tenho três mil anos: sou Poeta.
Surgi dos lábios secos dum asceta,
de uma oração que Deus deixou de parte.
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Redimi tantos corpos, tantas vidas
neles vivi, que sinto já nascidas
asas com que subir para alcançar-Te
(…)
{Sebastião da Gama}
Arrábida, 6-11-1943
(«Revista Alentejana»)
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9 comentários:

DILERMArtins disse...

Lindo!
Já recuperou seu PC?
Estou com a conecção lenta, já fazem 40 dias, não é fácil.
Fico imaginando você...
Mas, pode-se dizer que está tudo bem, a blogagem já é um sucesso!
Parabéns!

Juca disse...

Flor, parabéns pela blogagem! Fiquei maravilhado com a descoberta da Florbela Espanca. Seus poemas passam tanta verdade, demonstram o quanto foi intensa sua existência!

Descobri que dois de seus poemas foram transformados em música: o Ser Poeta, foi musicado por João Gil e cantado por Luís Represas, ambos de Portugal; e Fanatismo, gravado pelo Fagner há tantos anos atrás, mas só agora descubro que o texto é dela! :-)

Boa semana!
Beijos

Anônimo disse...

Flor!

Belíssima a sua homenagem para a nossa amada Florbela! Com toda certeza, ela merece todo o nosso carinho e admiração! =)

Obrigada pela oportunidade de também participar desta blogagem!

Beijos!

Anônimo disse...

Muito obrigada pela oportunidade que nos deste de falarmos um pouco mais de amor e de Florbela!
Obrigada também por sua visita ao meu simples blog (Simplesmente Maria).
Volte quando quiser!
Um abraço.

Anônimo disse...

Caríssima, grata por essa blogagem, ler Florbela blogosfera afora foi um prazer sem igual. Abraços meus

Letícia Losekann Coelho disse...

Lindo mesmo Flor! A blogagem estava lindíssima, descobri vários escritos de Florbela que ainda não conhecia.
Beijos

Tailany Silva disse...

Não pude participar da blogagem, mil desculpas! Fiquei sem internet até ontem, e por problemas de saúde fiquei impossibilitada de ir a uma lan house. Novamente peço desculpas, fica p'ra uma próxima!
Beijos!

Anônimo disse...

Olá FLOR
Passei para lhe desejar um excelente fim de semana.
Bjs
G.J.

ETERNA APAIXONADA disse...

*****

Minha querida amiga Flor!
Obrigada pela visita e votos pelo meu aniversário!
Espero que esteja bem e que tenha uma semana muito linda!

PS: Adorando o outro blog, com as postagens da Blogagem coletiva!

Beijos no coração

Helô

*****

Interlúdio com ...

Will You Still Love Me Tomorrow - Norah Jones

Will You Still Love Me Tomorrow

Norah Jones

Tonight you're mine completely
You give your love so sweetly
Tonight the light of love is in your eyes
Will you still love me tomorrow?

Is this a lasting treasure
or just a moment pleasure?
Can I believe the magic of your sight?
Will you still love me tomorrow?

Tonight with words unspoken
You said that I'm the only one
But will my heart be broken
When the night meets the morning sun?

I like to know that your love
This know that I can be sure of
So tell me now cause I won't ask again
Will you still love me tomorrow?

Will you still love me tomorrow?
Will you still love me tomorrow?...

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