"Poemas do Fogo" - Tertúlia Virtual

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Esta é a primeira vez que estou participando do TERTÚLIA VIRTUAL, e o tema deste mês é FOGO.

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E como a paixão é um dos símbolos do FOGO, publico hoje uma série de poemas que têm como tema a paixão, o desejo... enfim, esses sentimentos arrebatadores que nos traz o Amor! Todos os poemas são de autoria de Lígia Gomes Carneiro
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DESEJO
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O meu desejo apareceu

Assim de repente,

Como quem pressente

Que já é tarde,

E que vai morrer.

Como se a vida

Me sussurrasse

Uma despedida,

E o último presente

Que ela me desse

Fosse você
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Lígia Gomes Carneiro
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INCÊNDIO

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Lígia Gomes Carneiro
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FILHA DILETA

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Filha dileta do encontro das águas com as areias,
Repito há muito tempo o canto das sereias.
(Não o sigas, marinheiro, não o sigas,
embora eu saiba que teu corpo se incendeia).
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Filha amarga do encontro dos fogos com as madeiras
Vivo de alimentar o fascínio dos incêndios.
(Não os apagues, homem quieto, não os apagues,
Embora seja isso o que mais anseias).
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Filha distante do encontro dos homens com as estrelas,
Conheço de cor distâncias e espaços,
Incorporei universos ao romper meus laços,
Visitei mundos entre humanos braços
(Não me sigas, homem estranho, não me sigas,
são rumo à morte os meus serenos passos).
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Lígia Gomes Carneiro
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Sinto, na tua pele,
O cheiro da minha febre.
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(Pegarei fogo, em breve)
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Lígia Gomes Carneiro
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DANCER



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Lígia Gomes Carneiro

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POEMA BEM VIRA-LATA
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A gente lida, a gente ama,
A gente encara a vida.
Quando ela morde a gente,
A gente lambe a ferida.
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Lígia Gomes Carneiro
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MANSA LOUCURA
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Muitos se ferem com espinhos.
Eu tenho essa mansa loucura
De me cortar com pétalas.
As coisas todas,
E mais as coisas belas,
Traçam-me talhos.
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Um sorriso gratuito
Sangra por meses.
Uma cor, especialmente definida,
Contra um céu azul
Pode arder tão fundo
Quanto a pior incisão.
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Mãos de crianças me laceram,
Gestos de homens me esquartejam
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Cortada, tenho a alma
Feita aos trapos.
E o coração todo aos pedaços.
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A minha vida é, sempre, uma
linda colcha de retalhos.
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Lígia Gomes Carneiro
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METODO
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Quando eu decidir enlouquecer,
isso com um certo método:
Primeiro, derrubo meu teto
(para que entrem as águas).
Depois, dispo-me das roupas
(para que meu corpo arda).
Por último, esqueço os nomes,
Ruas, estradas e trajetos.
E ficarei íntegra e pura,
Sem laços e sem afetos.
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Lígia Gomes Carneiro
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Este post faz parte da Tertúlia Virtual de 15 de janeiro de 2009.