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Disse a sombra ao sol: “Eu passo.”
E ele — rubicundo de mormaço —
responde: “Mais devagar também caminho
enquanto alongas tuas pernas desmedidas.”
Ao meio-dia diz a sombra: “Em ti dormito,
oculta em teu novelo de verdades
tão claras, que o olhar dos homens velas.”
“Em mim dormitas?” diz o sol zangado.
E eu pensando ser a luz tamanha
que sombra alguma em mim pousaria
antes da negra noite apagar meu dia”.
Dora Ferreira da Silva
in "Limiares "
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