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Bem vindo à minha casa
Mas se quiseres ir ao sótão
Leva as velas.
Algo ali vive que não suporta
A crua luz escancarada.
Bem vindo à minha casa
Mas se quiseres ir ao sótão
Leva as velas.
Algo ali vive que não suporta
A crua luz escancarada.
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Eu o revisito, tantas vezes,
E não me incomodam seus trastes,
Alguns ratos – eles me convivem,
Eu sou o velho hóspede da casa.
Eu o revisito, tantas vezes,
E não me incomodam seus trastes,
Alguns ratos – eles me convivem,
Eu sou o velho hóspede da casa.
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Subo e desço, no cotidiano ato,
gosto de ir, às vezes, regar,
antes que esquecidas mal cheirem,
as flores de meu cercado.
(Com a palma lisa de meus olhos
Acaricio as ternas fugacidades.)
Subo e desço, no cotidiano ato,
gosto de ir, às vezes, regar,
antes que esquecidas mal cheirem,
as flores de meu cercado.
(Com a palma lisa de meus olhos
Acaricio as ternas fugacidades.)
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Desço, e subo, vou por estes cômodos
Sonambulando.
Desço, e subo, vou por estes cômodos
Sonambulando.
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Acomoda –te em minha casa,
Mas se quiseres entrar
em meu sótão, acende as velas.
Acomoda –te em minha casa,
Mas se quiseres entrar
em meu sótão, acende as velas.
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Ali já estou aclimatado,
Sou amigo do gato, eu furto a luz
Ali já estou aclimatado,
Sou amigo do gato, eu furto a luz
pelas mínimas frestas do telhado.
Ali todas artimanhas já incorporei.
Eu dos hábitos, eu me convivo -
Ali todas artimanhas já incorporei.
Eu dos hábitos, eu me convivo -
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eu sou o velho fantasma da casa.
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Fernando Campanella
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eu sou o velho fantasma da casa.
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Fernando Campanella
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22 comentários:
Me vi nesse poema, visitando a casa.
Não dá medo, apenas tive que pisar com cuidado na escada e entrar com mais cuidado ainda no sótão, para não espantar os ratos e o gato.
Todos nós temos um sótão ou um porão que não temos coragem de visitar.
Os fantasmas só têm medo da luz.
Beijos!
Alcides
Oi, minha querida! Tava com saudade de estar aqui nesse teu espaço... Obrigado pelo carinho! Somos uma casa com muitos quartos, nem nós conhecemos a todos... Tenha um ótimo fds! Bjs
Lindo texto, querida, vim te parabenizar pelo dia do blogueiro, te admiro muito, a sua forma de expressão, de carinho, de zelo.
Que Deus abençoe sua vida e um final de semana maravilhoso pra ti.
Bjs no coração
Chris
Porque sempre teremos o nosso lado escuro, obscuro dentro de nós...
:) Beijos
Mas bah, guria.
Deixo o gato cuidar dos ratos e espero cada fio de luz, pouco a pouco, vá iluminando esse meu sotão.
Pois é , querida Flor, por vezes viajamos até esses sotãos mas não encontramos esse fantasminha tão simpático. O que importa é encontrarmos luz em nossas vidas.
Beijinho grande p'rá ti.
Isabel
Lindo o poema.
Sinto-me, por vezes, a trave desse sótão, vergo sob o peso...mas olhando o gatinho regresso à luminosidade do dia claro.
Beijinho grande
E mesmo sendo fantasma ainda tem alma,
E a rotina das subidas e descidas só se acaba quando o corpo já não está quente e a luz que entra pelos vãos dos telhados se tornam sua moradia.
muito lindo esse poema!
♥
aaaaaaaaa e EU ADORO COLDPLAYYY!!!
*_*
Alcides,
Busquemos então iluminar esses sótãos internos atráves das frestas do telhado, inundando-os de luz!
Bjs.
Meu amigo do "Me Permita",
Fico feliz com o teu retorno, também senti saudades!
E nestes inúmeros quartos que possuímos, que o gato se apresente contra os ratos, e a luz espante o fantasma!
Beijos e bem vindo de volta!
Christi, querida, o teu carinho prá mim já é uma bênção! E viva nós, os blogueiros, que temos o privilégio dessa interatividade virtual através da boa poesia e da boa música!
Meu carinho prá ti!
Sim, Mel, é verdade, temos esse osso lado sombrio, obscuro, ao qual nos aclimatamos...
Um bom final de semana!
Diler, isso sim é uma postura otimista! Que o gato cuide dos ratos e que a luz preencha as trevas!
Grande beijo!
Isabel,
Que essas viagens para nosso sótão sombrio sejam sempre acompanhadas pela esperança de luz!
Bom final de semana e o meu beijo!
Ana,
E que esse gatinho nunca deixe de mirar a luz !
Uma final de semana iluminado prá ti!
Beijos.
Mateus,
E não será esse intenso movimento o próprio gerador da luz?!?!
Beijos carinhosos!
Ah... E Cold Play é tudo de bom! Também gosto muito!
Bjs.
Ah, Mateus... que pena que não consigo acessar teu blog...
Muitos cantos em nós não suporta a luz escancarada, Flor. há de se ter sensibilidade para caminhar na nossa alma/ casa.
Amo essa música do Cold play
beijo, querida.
Cris,
Caminhar por nossos cantos, sejam escuros ou iluminados, requer mesmo muito cuidado...
Clock é mesmo muito linda!
Um beijo, querida, e um ótimo finalzinho de sábado prá ti!
"...Eu roubo a luz pelas mínimas
Frestas do telhado..."
Demais, me vejo subindo e descendo, pelas escadas da existência e captando ao máximo toda luz mínima.
Parabéns, linda postagem, um dos mais contagiantes poemas do Fernando Campanella.
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