.
Fotografia: Grotegut
.
Ir-me-ei embora. E ficarão os pássaros
Cantando.
E ficará o meu jardim com sua árvore verde
E o seu poço branco.
Todas as tardes o céu será azul e plácido,
E tocarão, como esta tarde estão tocando,
Os sinos do campanário.
Morrerão os que me amaram
E a aldeia se renovará todos os anos.
E longe do bulício distinto, surdo, raro
Do domingo acabado,
Da diligência das cinco, das sestas do banho,
No recanto secreto do meu jardim florido e caiado
Meu espírito de hoje errará nostálgico...
E ir-me-ei embora, e serei outro, sem lar, sem árvore
Verde, sem poço branco,
Sem céu azul e plácido...
E os pássaros ficarão cantando.
Juan Ramón Jiménez
.
3 comentários:
é um dia todos vamos embora mas há também o dia da volta!!!
e ficamos indo e voltando.
Mas bah, guria.
Que linda escolha, a morte sempre nos traz esse paradóxo; as caoisas podem ser transitórias, mas também definitivas...
Adoro este tom elegíaco, plácido....muito belo poema.
Postar um comentário