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O teu sapato azul de bico fino
Pediu-me protestasse
Contra o desprezo injusto e pequenino
De quem lhe volta a face,
Pois quer o pobrezinho, a todo custo,
Calçar o pé ingrato mas gentil.
Ouve o poeta e calça o teu sapato,
Mas repara nas rimas escondidas
(entre elas há carícias comovidas)
Deste bardo pateta
Que no lugar do laço põe um til.
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Carlos Drummond de Andrade
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