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Fazer o poema
é estar em conflito
com o sangue que corre
nas veias do mito.
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É sair do corpo
e estar de permeio.
O punhal na bainha
do teu devaneio.
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Fazer o poema
é estar na palavra.
Como a efígie do morto
na faca amolada.
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Fazer o poema
é agarrar o agora
para pô-lo inteiro
dentro da metáfora.
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Francisco Carvalho
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