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Até agora eu não me conhecia.
Julgava que era eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.
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Mas que eu não era eu não o sabia
E, mesmo que o soubesse, o não dissera...
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim... e não me via!
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Andava a procurar-me - pobre louca!
-E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre a tua boca!
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E esta ânsia de viver, que nada acalma,
É a chama da tua alma a esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma!
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Florbela Espanca
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