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Se eu morrer de manhã
abre a janela devagar
e olha com rigor o dia que não tenho.
Não me lamentes. Eu não me entristeço:
ter tido a morte é mais do que mereço
se nem conheço a noite de que venho.
Deixa entrar pela casa um pouco de ar
e um pedaço de céu
- o único que sei.
Talvez um pássaro me estenda a asa
que não saber voar
foi sempre a minha lei.
Não busques o meu hálito no espelho.
Não chames o meu nome que eu não venho
e do mistério nada te direi.
Diz que não estou se alguém bater à porta.
Deixa que eu faça o meu papel de morta
pois não estar é da morte quanto sei.
Rosa Lobato Faria
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4 comentários:
... diga que nao estou ,isso é ótimo.
e se fazer de morta é melhor ainda
rs
Rosa Lobato Faria, nao conhecia a poeta. Gostei Florzinha.
boa semana
abraços
Flor,
Rosa Lobato é dentro, é dentro quando entro aqui...
Abraço poético,
Pedro Ramúcio.
Adorei, Florzinha! Muito bonito!
Beijinhos...
Lindo poema, e uma escolha digna da tua sensibilidade!
Beijos, querida!
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