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O tilintar dos talheres assinala
que está posta a refeição
A toalha da mesa não revela os cerzidos
onde o tempo e o uso esgarçou as fibras
Difusa
a luz solar
vence a cortina que esvoaça
Em vestígios de uma canção
que aos comensais passa despercebida
andrógina voz canta as vicissitudes da solidão
A senhora tece comentários domésticos
aos quais o esposo assente cabeceando
olhos postos nos próprios pensamentos
ensimesmado num mundo
em tudo diferente deste
onde autômato mastiga engole bebe e concorda
pela conveniência de não imiscuir-se no que considera irrelevante
a mulher fala do factual
alheio
o homem delira
e pede a sobremesa.
Fred Matos
Um comentário:
Minha querida Flor
Como sempre um poema lindo, adorei.
Deixo o meu carinho de sempre e um beijinho
Sonhadora
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