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cada vez mais de perto e, então,
brincamos de cíclope,
olhamo-nos cada vez mais de perto
e nossos olhos se tornam maiores,
se aproximam entre si,
sobrepõem-se e os ciclopes se olham,
respirando confundidos,
as bocas encontram-se e lutam debilmente,
mordendo-se com os lábios,
apoiando ligeiramente a língua nos dentes,
brincando nas suas cavernas
onde um ar pesado vai e vem
com um perfume antigo e um grande silêncio.
Então, as minhas mãos procuram
afogar-se nos teus cabelos,
acariciar lentamente a profundidade do teu cabelo
enquanto nos beijamos
como se tivéssemos a boca cheia de flores ou de peixes,
de movimentos vivos,
de fragrância obscura.
E, se nos mordemos, a dor é doce;
e, se nos afogamos num breve e terrível
absorver simultâneo de fôlego,
essa instantânea morte é bela.
E já existe uma só saliva
e um só sabor de fruta madura,
e eu te sinto tremular contra mim,
como uma lua na água.
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Julio Cortázar
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