Interlúdio

sábado, 30 de janeiro de 2010

Uma poesia ártica,

claro, é isso que eu desejo.

Uma prática pálida,

três versos de gelo.

Uma frase-superfície

onde vida-frase alguma

não seja mais possível.

Frase, não, Nenhuma.

Uma lira nula,

reduzida ao puro mínimo,

um piscar do espírito,

a única coisa única.

Mas falo. E, ao falar, provoco

nuvens de equívocos

(ou enxame de monólogos?)

Sim, inverno, estamos vivos.

Paulo Leminsk

João Santana Pinto disse...: “E, ao falar, provoco” a mais perfeita das poesias…; 30/1/10
Hugo de Oliveira disse...: Quanta provocação.

Belíssimo poema.

abraços

Hugo; 30/1/10
DILERMArtins disse...: Mas bah, guria.
...nuvens de equívocos...
Calar ou falar podem ser iguais, a verdade de cada um, está naqueles que escutam...Ou não.; 30/1/10
A Palavra Mágica disse...: Flor,

..."Sim,inverno, estamos vivos."

Apesar das muitas palavras, um poema minimalista. Este é Paulo Leminski.

Beijos!
Alcides; 31/1/10
Sonhadora (Rosa Maria) disse...: Minha querida Flor
Lindissímo poema.
belas escolhas sempre.

beijinhos
Sonhadora; 31/1/10