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Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.
.
Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.
.
És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.
.
Fernando Pessoa
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Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.
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Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.
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És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.
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Fernando Pessoa
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13 comentários:
Flor,
Não temos sete vidas (numa mesma existência), mas determinadas vezes temos inúmeras realidades como o poeta escreveu:
"Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu"
Beijos!
Alcides
Oi querida amiga!
Que delicioso poema de Pessoa! Para quem gosta de gatos como eu...
Fez-me lembrar, se me permite, de
"Ode ao Gato - Pablo Neruda"
Os animais foram imperfeitos,
compridos de rabo, tristes
de cabeça.
Pouco a pouco se foram compondo,
fazendo-se paisagem, adquirindo pintas, graça, vôo.
O gato, só o gato
apareceu completo
e orgulhoso:
nasceu completamente terminado,
anda sozinho e sabe o que quer...
O homem quer ser peixe e pássaro
a serpente quisera ter asas,
o cachorro é um leão desorientado,
o engenheiro quer ser poeta,
a mosca estuda para andorinha,
o poeta trata de imitar a mosca,
mas o gato
quer ser só gato
e todo gato é gato
do bigode ao rabo,
Eu não subscrevo.
Eu não conheço o gato.
Tudo sei, a vida e seu arquipélago,
o mar e a cidade incalculável,
a botânica,
o gineceu com os seus extravios,
o pôr e o menos da matemática,
os funis vulcânicos do mundo,
a casaca irreal do crocodilo,
a bondade ignorada do bombeiro,
o atavismo azul do sacerdote,
mas não posso decifrar um gato.
Minha razão resvalou na sua indiferença,
os seus olhos tem números de ouro.
Bjs!
Mas bah, guria!
Sou mais um apaixonado por gatos(tb gosto de cães), atualmente, tenho sete; a Pantera Negra, a Serena Willians, a Preta Gil e a Aparecida, tem ainda duas pequenas esperando nome e finalmente o Feio.
Tem um video da Pantera no Arteiro.
Voltando a poesia, Pessoa genial, como sempre; gatos são como homens, e sabem bem quem são, já os homens...
Flor! Pessoa tinha um dom?escrever seja ao que for como só ele sabia,este poema não conhecia e gostei bastante,como gosto de gatos e cada vez mais gosto dos animais,pois eles não fazem mal a sociedade que por vezes os maltrata...já o homem?
Beijinho
Este blog é d+!
só tem grandes mestres aqui...
já estou acompanhando :)
AbraçULLL
Lindo, Flor: Pessoa e o gatinho! sonho de regresso a essa suave e incauta inocência/inconsciência maravilhosa.
(adoro gatos)
Beijinho
Alcides,
"todo o nada que és é teu"
quando aprendermos a simplicidade de nossa essência, talvez nos conheçamos mais um pouco!
Beijos!
Ester,
Neruda e gatos... quantos poetas gostavam de gatos!!! Pessoa, Neruda, Leminski...
Também os amo!
Beijos, querida!
Diler,
também gosto de cães e gatos e peixes e pássaros. Tenho alguns (cães e peixes).
Vou ao ARTeiro ver o vídeo dos teus felinos!
Beijos!
Oi, Lisa!
É uma pena que nós não tenhamos a consciência ecológica tão necessária, maltratando nossa Terra tão miseravelmente.
Teu comentário lembrou-me o texto:
"Quando a última árvore for cortada,
quando o último rio for poluído,
quando o último peixe for pescado,
Aí sim eles verão que dinheiro não se come. " (Chefe Sioux)
Beijos!
Mateus, que bom tê-lo conosco!
Tua visita é um prazer!
Vou conhecer teu blog!
Beijos!
Ana,
o gato, esse misterioso animal, tem o dom de encantar, por sua calma, seu suave modo de andar!
Também os amo!
Bjs.
Lindo poema!!!
Também adoro gatos.
Beijos.
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