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O tempo é um velho corvo
de olhos turvos, cinzentos.
Bebe a luz destes dias só dum sorvo
como as corujas o azeite dos lampadários bentos.
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E nós sorrimos,
pássaros mortos
no fundo dum paul
dormimos.
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Só lá do alto do poleiro azul
o sol doirado e verde,
o fulvo papagaio
(estou bêbedo de luz,
caio ou não caio?)
nos lembra a dor do tempo que se perde.
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Carlos de Oliveira
in 'Colheita Perdida'
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