Estou de volta... como a primavera!

"Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa..."

Manuel Antonio Pina

domingo, 30 de setembro de 2012

"Camaleão"



Desconheço a autoria da imagem

A flor da minha pele
cansou-se das horas
as meninas dos meus olhos
exilaram-se no horizonte
desde as plantas dos pés
me desarvoro

trago-me outro
e exalo manhãs.

Héber Sales


sábado, 29 de setembro de 2012

"Cantiga"



Fotografia de Jan Scherders

Pergunto ao mar por que foge
e ao vento por que não vem.
O tempo levou a vida
para outra praia no além.
Há tanto pássaro voando,
meu sonho voou também.

Pousou nas cristas das vagas,
tornou-se espuma salgada
e veio dar nesta praia
onde não há mais ninguém.

E o mar que foge retorna,
retorna o vento também.
Só a vida que foi não volta,
só o tempo que foi não vem.

Gilberto Mendonça Teles


sexta-feira, 28 de setembro de 2012



Arte de Chelin Sanjuan

Nua de mim
pendurei minh'alma entre vitrais
franciscana de vestes
sou corpo vagante,
na partitura dos blues... em solitários recitais.

Ana Merij


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

"Hora da Saudade"



Fotografia de Mark Hunt

A tarde se esvai
lentamente
esgarçando suas luzes
em infinitos cristais
a tarde se esvai
e na alma fica um silêncio
de sinos mudos
uma espera ansiosa
de estrelas
uma saudade fininha
de não se sabe o quê.

Roseana Murray



quarta-feira, 26 de setembro de 2012



Imagem daqui

Há tanto azul em mim
mas tanto azul 
que durmo céu e acordo mar...

Elcio Tuiribeti



terça-feira, 25 de setembro de 2012



"Escrito na Pele", fotografia de Vladimir Clavijo-Telepnev

A poesia mora dentro de mim. 
É como se ela estivesse tatuada 
Por debaixo de minha pele.
Que se me virassem pelo avesso, 
Eu seria toda palavra, 
Meu corpo um verso inteiro. 

Cáh Morandi


segunda-feira, 24 de setembro de 2012



"The Girl Left Behind Me", by Eastman Johnson

Quanto mais ando a procura de gente 
mais me encontro sozinho no vago... 
e eu nem sabia mais o montante 
que queria, nem aonde eu extenso ia... 
mas talvez o que sentia... Solidão!

Guimarães Rosa


domingo, 23 de setembro de 2012



Tela de Gustav Klimt [portrait of Mada Primavesi] 1913

Ei-la que vem, ubérrima, numerosa, escolhida,
secreta, cheia de pensamentos, isenta de cuidados.
Vem sentada na nova primavera,
cercada de sorrisos no regaço lírios,
olhos feitos de sombra de vento e de momentos
alheia a estes dias que eu nunca consigo
morder-lhe o tempo na face as raízes do riso
começa para além dela a ser longe.
A amada é bem a infância que vem ter comigo.
Há pássaros antigos nos límpidos caminhos
e mortes como antes nunca mais
Ei-la já que se estende ampla como uma pátria
no limiar da nossa indiferença.
Os nossos átrios são para os seus pés solitários
Já todos nós esquecemos a casa dos pais
ela enche de dias a nossa solidão.
A dor... é nela até que deus começa
eu bem lhe sinto o calcanhar do amor.
Que importa sermos de uma só manhã e não haver em volta
árvore mais açoitada pelos diversos ventos?
Que importa partirmos num desmoronar de poentes?
Mais triste mesmo a vida onde outros passarão
multiplicando-lhe a ausência que importa
se onde pomos os pés é primavera?

Ruy Belo


sábado, 22 de setembro de 2012



Fotografia de Kettenhofen

Quando é para você
o poema se faz sozinho.
As letras se procuram
como folhas douradas
no vento de outono.
E num canto do parque
formam o ninho macio
de um pássaro que canta
para celebrar a vida.

Alvaro Bastos


sexta-feira, 21 de setembro de 2012



Fotografia de Frank Krahmer

Depois de ter cortado todos os braços que se estendiam para mim;
depois de ter entaipado todas as janelas e todas as portas;
depois de ter inundado os fossos com água envenenada;
depois de ter edificado minha casa num rochedo inacessível aos afagos e ao medo;
depois de ter lançado punhados de silêncio e monossílabos de desprezo a meus amores;
depois de ter esquecido meu nome e o nome da minha terra natal;
depois de me ter condenado a perpétua espera e a solidão perpétua,
ouvi contra as pedras de meu calabouço de silogismos
a investida úmida, terna, insistente, da Primavera.

Octávio Paz


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

"Azul Teu"



Fotografia de Michael Pole

Hoje não trago sonhos
trago o azul do mar
o azul do céu
transporto o verbo amar
o azul teu...
É tudo tão suave
neste azul do mundo
gosto da palavra amar
amar-te
no azul do mar
profundo...

Manuel Marques


quarta-feira, 19 de setembro de 2012

"Abatimento"




Fotografia de Ewing Galloway

Sem atrevimento
para experimentos
Sem coragem
para divertimentos
Ando conformada
com o desalento
e a mesmice

Será velhice?

Rossana Masiero



terça-feira, 18 de setembro de 2012

"O X Pelo Avesso"


Fotografia de Sven Hagolani

Perguntaram-me o que é a 
Vida
Estremeço.
Onde o seu fim
Ou seu começo?
E sem querer uma ideia 
Teço
A vida não passa
de um X
pelo avesso.

Luiz Rabelo


sábado, 1 de setembro de 2012

"Menáge"



Pintura de Bruno Di Maio

Limpou da alma já vazia
o pó que não existia
e quedou-se por ali
esperando o que não sabia

Olhou em volta
não viu ninguém
abriu a porta
mas não saiu

Voltou, sentou-se
pegou no pano
e limpou da alma
qualquer engano

Luísa Veríssimo


Interlúdio com ...

Will You Still Love Me Tomorrow - Norah Jones

Will You Still Love Me Tomorrow

Norah Jones

Tonight you're mine completely
You give your love so sweetly
Tonight the light of love is in your eyes
Will you still love me tomorrow?

Is this a lasting treasure
or just a moment pleasure?
Can I believe the magic of your sight?
Will you still love me tomorrow?

Tonight with words unspoken
You said that I'm the only one
But will my heart be broken
When the night meets the morning sun?

I like to know that your love
This know that I can be sure of
So tell me now cause I won't ask again
Will you still love me tomorrow?

Will you still love me tomorrow?
Will you still love me tomorrow?...

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