Estou de volta... como a primavera!

"Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa..."

Manuel Antonio Pina
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quarta-feira, 26 de julho de 2023

Amor como em casa

 

imagem  via Pinterest

 Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraidíssimo percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde no café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.

Manuel António Pina

 

💓 



segunda-feira, 13 de julho de 2020

Café Orfeu


 
 Na fotografia a modelo brasileira Mahany Perry
 
Nunca tinha caído
de tamanha altura em mim
antes de ter subido
às alturas do teu sorriso.
Regressava do teu sorriso
como de uma súbita ausência
ou como se tivesse lá ficado
e outro é que tivesse regressado.
Fora do teu sorriso
a minha vida parecia
a vida de outra pessoa
que fora de mim a vivia.
E a que eu regressava lentamente
como se antes do teu sorriso
alguém (eu provavelmente)
nunca tivesse existido.

Manuel António Pina



 

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Não o sonho


Fotografia © Angélina Nové 

Talvez sejas a breve
recordação de um sonho
de que alguém (talvez tu) acordou
(não o sonho, mas a recordação dele),
um sonho parado de que restam
apenas imagens desfeitas, pressentimentos.
Também eu não me lembro,
também eu estou preso nos meus sentidos
sem poder sair. Se pudesses ouvir,
aqui dentro, o barulho que fazem os meus sentidos,
animais acossados e perdidos
tateando! Os meus sentidos expulsaram-me de mim,
desamarraram-me de mim e agora
só me lembro pelo lado de fora.

Manuel António Pina
in Atropelamento e Fuga



 

sábado, 23 de maio de 2020

Ruínas


  Arte fotográfica de Emma McEvoy 

Por onde quer que tenha começado,
pelo corpo ou pelo sentido,
ficou tudo por fazer, o feito e o não feito,
como num sono agitado interrompido.
O teu nome tinha alturas inacessíveis
e lugares mal iluminados onde
se escondiam animais tímidos que só à noite se mostravam,
e talvez devesse ter começado por aí.
Agora é tarde, do que podia
ter sido restam ruínas;
sobre elas construirei a minha Igreja
como quem, ao fim do dia, volta a uma casa.

 Manuel António Pina
in Como se desenha uma casa, 2011



 

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Amor como em casa


Fotografia da Web
 
Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.

Manuel Antonio Pina



 

sábado, 2 de maio de 2020

Coisas que não há que há

 
Av. Rio Branco, no Rio de Janeiro, ontem e hoje - Fotomontagem de Augusto Malta e Marcello Cavalcanti

Uma coisa que me põe triste
é que não exista o que não existe.
(Se é que não existe, e isto é que existe!)
Há tantas coisas bonitas que não há:
coisas que não há, gente que não há,
bichos que já houve e já não há,
livros por ler, coisas por ver,
feitos desfeitos, outros feitos por fazer,
pessoas tão boas ainda por nascer
e outras que morreram há tanto tempo!
Tantas lembranças de que não me lembro,
sítios que não sei, invenções que não invento,
gente de vidro e de vento, países por achar,
paisagens, plantas, jardins de ar,
tudo o que eu nem posso imaginar
porque se o imaginasse já existia
embora num sítio onde só eu ia...

Manuel António Pina







sexta-feira, 17 de abril de 2020

O que me vale


 
Vintage style girl eating chocolate, via dreamstime

o que me vale aos fins de semana
é o teu amor provinciano e bom
para ele compro bombons
para ele compro bananas
para o teu amor teu amon
tu tankamon meu amor
para o teu amor tu te flamas
tu te frutti tu te inflamas
oh o teu amor não tem
complicações
viva aragon
morram as repartições.

Manuel António Pina
in Todas as Palavras - Poesia Reunida







domingo, 12 de abril de 2020

Agora é diferente

 
Imagem via Pinterest

Agora é diferente
Tenho o teu nome o teu cheiro
A minha roupa de repente
ficou com o teu cheiro

Agora estamos misturados
No meio de nós já não cabe o amor
Já não arranjamos
lugar para o amor

Já não arranjamos vagar
para o amor agora
isto vai devagar
isto agora demora

Manuel António Pina




sábado, 11 de abril de 2020

Sou o pássaro que canta dentro da tua cabeça


 Imagem via Pinterest

Sou o pássaro que canta
dentro da tua cabeça
que canta na tua garganta
canta onde lhe apeteça

Sou o pássaro que voa
dentro do teu coração
e do de qualquer pessoa
mesmo as que julgas que não

Sou o pássaro da imaginação
que voa até na prisão
e canta por tudo e por nada
mesmo com a boca fechada

E esta é a canção sem razão
que não serve para mais nada
senão para ser cantada
quando os amigos se vão

E ficas de novo sozinho
na solidão que começa
apenas com o passarinho
dentro da tua cabeça.

Manuel António Pina



 

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Lembra-te de mim


Desconheço a autoria da imagem

Quando acordares lembra-te de mim. 
Eu sou aquele que te pegou na mão, e o que te acariciou os cabelos. 
Estavas cheio de medo e o sono não conseguia arrastar-te para dentro de ti, 
nem o tempo para dentro de tua mais íntima idade. 
Precisavas de alguém que te amparasse a cabeça e te falasse em voz alta.
Tantas vozes, lembras-te?
Tanto silêncio, lembras-te?
Eu estava lá e só eu te ouvia.

Manuel António Pina





sábado, 29 de fevereiro de 2020

Completas



Arte: Emilie Spring

A meu favor tenho o teu olhar
testemunhando por mim
perante juízes terríveis:
a morte, os amigos, os inimigos.

E aqueles que me assaltam
à noite na solidão do quarto
refugiam-se em fundos sítios dentro de mim
quando de manhã o teu olhar ilumina o quarto.

Protege-me com ele, com o teu olhar,
dos demônios da noite e das aflições do dia,
fala em voz alta, não deixes que adormeça,
afasta de mim o pecado da infelicidade.


Manuel António Pina




                  

sábado, 20 de abril de 2019

Amor como em casa


Tela de Sir Edward Poynter - "Evening at home" 

Regresso devagar ao teu 
sorriso como quem volta a casa. 
Faço de conta que não é nada comigo. 
Distraído percorro o caminho familiar da saudade, 
pequeninas coisas me prendem, 
uma tarde num café, um livro. 
Devagar te amo
e às vezes depressa, meu amor, 
e às vezes faço coisas que não devo, 
regresso devagar a tua casa, 
compro um livro,
entro no amor como em casa. 

Manuel Antonio Pina
in Ainda não é o fim nem o principio do mundo
Calma é apenas um pouco tarde





terça-feira, 7 de junho de 2011

"Amor Como Em Casa"


Fotografia daqui

Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.

Manuel António Pina


segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Amor Como Em Casa

..
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Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.
.
Manuel António Pina

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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

"A Um Jovem Poeta"

.
.
Procura a rosa.
Onde ela estiver estás tu fora de ti.
Procura-a em prosa,
pode ser que em prosa ela floresça ainda,
sob tanta metáfora;
pode ser, e que quando nela te vires
te reconheças como diante de uma infância
inicial não embaciada de nenhuma palavra
e nenhuma lembrança.
Talvez possas então escrever sem porquê,
evidência de novo da Razão
e passagem para o que não se vê.
.
Manuel António Pina
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terça-feira, 20 de janeiro de 2009

"Amor Como Em Casa"

.
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Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa.
Faço de conta que
não é nada comigo.
.
Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro.
.
Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no amor como em casa.
.
Manuel António Pina

Interlúdio com ...

Will You Still Love Me Tomorrow - Norah Jones

Will You Still Love Me Tomorrow

Norah Jones

Tonight you're mine completely
You give your love so sweetly
Tonight the light of love is in your eyes
Will you still love me tomorrow?

Is this a lasting treasure
or just a moment pleasure?
Can I believe the magic of your sight?
Will you still love me tomorrow?

Tonight with words unspoken
You said that I'm the only one
But will my heart be broken
When the night meets the morning sun?

I like to know that your love
This know that I can be sure of
So tell me now cause I won't ask again
Will you still love me tomorrow?

Will you still love me tomorrow?
Will you still love me tomorrow?...

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