Estou de volta... como a primavera!

"Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa..."

Manuel Antonio Pina
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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Fulgor

 


Tateio à minha
volta
e é só fulgor

Tento deslumbrar
o sol que cega

Demoro-me demasiado
no calor

Para a minha sede
nenhuma água chega


Maria Teresa Horta

 

Imagens via Pinterest

 

 


 

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Segredo

 

Arte de Francis-Marie Martinez Picabia


Não contes do meu
vestido
que tiro pela cabeça

nem que corro os
cortinados
para uma sombra mais espessa

Deixa que feche o
anel
em redor do teu pescoço

com as minhas longas
pernas
e a sombra do meu poço.

Não contes do meu
novelo
nem da roca de fiar

nem o que faço
com eles
a fim de te ouvir gritar

Maria Teresa Horta

 

 

sábado, 30 de maio de 2020

Uma rosa



Arte digital de  Aykut Ayogdu

Uma rosa que sangra
entre as pernas
no côncavo do corpo adormecida

Uma rosa no ventre
entreaberta
em si própria rasgada, enlouquecida

Uma rosa de febre
respirada
tecida nos sucos do desdém

Orgástica - voraz
e decepada
pétala a pétala lambida e desenhada.

Maria Teresa Horta
in Flor Sangrenta (Texto com supressões)




sábado, 23 de maio de 2020

Eu ouso a paixão



Imagem da Web 

Eu ouso a paixão
não a recuso

Escuto os sentidos sem o medo por perto
troco a ternura da rosa
ponho a onda no deserto

A tudo o que é impossível
abro e rasgo o coração
Debaixo coloco a mão
para colher o incerto

Desembuço* o amor
no calor da emboscada
infrinjo regras e impeço

Troco o sonho dos deuses
por um pequeno nada

Desobedeço ao preceito
e desarrumo a paixão
Teço e bordo o meu avesso
e desacerto a razão

Maria Teresa Horta




* substantivo masculino
. Ato de desembuçar.

de·sem·bu·çar - Conjugar
verbo transitivo

1. Tirar o rebuço; descobrir a cara.
2. Mostrar-se.



terça-feira, 19 de maio de 2020

Como é possível perder-te


 Arte de Alexander Strannik

Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
nem na polpa dos meus dedos
se ter formado o afago
sem termos sido a cidade
nem termos rasgado pedras
sem descobrirmos a cor
nem o interior da erva.
Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
minha raiva de ternura
meu ódio de conhecer-te
minha alegria profunda.

Maria Teresa Horta




quarta-feira, 15 de abril de 2020

Insubmissão





 Arte de George Underwood

Somos corsárias
febris
por areias dos desertos

Seguimos estrelas cadentes
e montando os nossos sonhos
cumprimos roteiros incertos

Vamos atrás das paixões
com o faim à cintura
e a pena no coração

Para escrevermos poesia
invertendo o cantochão

Com a arte da insídia
olhamos o horizonte alucinando
os oásis, abismando sortilégios

Escutamos os clamores
os oceanos celestes
nos silêncios dos desertos

Buscamos os infiéis
com olhos de expiação

Somos hábeis e seguras
ambíguas, doces, cruéis
nós partimos sem regresso

Ora flibusteiras
em horas de cerração
entre a paixão e o inverso

Ora piratas do limbo
abandonando os arquétipos

A cimitarra à cintura
e o júbilo no coração
pelo avesso dos versos

Somos a rosa e o espinho
a sombra no seu desvão

Entre o fuso e o enigma
a navalha entreaberta
e os nevoeiros secretos

Somos corsárias
sonhando
nas areias dos desertos.

Maria Teresa Horta


sábado, 4 de abril de 2020

Dias de agrura


Arte de Robert Kipniss

Não sei o que mais custa
nestes dias de agrura

de doença e mágoa

Se o animal da morte e medo
que pé ante pé
nos tenta entrar em casa

Se este silêncio imenso
que chega da rua
e nos atordoa

nesta cidade muda
em que se tornou
Lisboa

Maria Teresa Horta




segunda-feira, 18 de março de 2019

Tu


Imagem: Bernard Kapfer - Limited edition - Bronze 1999

Tu
enlouqueces-me maravilhas-me atrapalhas-me apaixonas-me cegas-me confundes-me. 
Tu inspiras-me.
Tu tu tu tu tu tu tu tu tu tu tu ...

Quero tanto de ti e tão próximo que anseio que fosses o ar, o chão, as paredes, tudo.

Que tudo o que tocasse fossem os teus braços.
Que tudo o que sentisse fossem os teus lábios.

Como quando fecho os olhos e tudo o que não vejo és tu.
Como quando não durmo e tudo o que sonho és tu.

Contigo não consigo respirar. Sem ti não consigo viver.

Quero estar tão dentro de ti que nem a luz do dia exista para mim.
Quero abraçar-te tanto que todo o mundo colapse e desapareça num pequeno ponto entre os meus braços.

Toca-me com as tuas mãos.
Faz-me desaparecer com a tua pele.
Sufoca-me na tua língua.
Arrasta-me pelo ar com o teu perfume.
Mata-me de vez.

Tu
se fosses chuva, do céu só cairiam pérolas ...
E até o chão gritaria de prazer.

Maria Teresa Horta



quarta-feira, 22 de julho de 2009

Tu serás o principio

.
Tu serás o princípio
e o meu fim
Pegando mal de amor
em chama alta
Vulcão em desacerto
e fogo posto
Tão grande que ele é
e já me mata.
.
Maria Teresa Horta
Fogo posto

.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

"Enleio"

.
.
Não sei se volteio
Se rodopio
Se quebro
Se tombo nesta queda
em que passeio
Não sei se a vertigem
em que me afundo
é este precipício em que me enleio
Não sei se cair assim me quebra...
Me esmago ou sobrevivo
em busca deste anseio
.
Maria Teresa Horta

quinta-feira, 3 de julho de 2008

São tantos os silêncios

.
.
São tantos
os silêncios da fala
De sede
De saliva
De suor...
.
Silêncios de vento
de mar
e de torpor
.
De amor...
.
Maria Teresa Horta

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Desperta-me de noite

.

.
Desperta-me de noite
o teu desejo
na vaga dos teus dedos
com que vergas
o sono em que me deito...
.
Maria Teresa Horta

Interlúdio com ...

Will You Still Love Me Tomorrow - Norah Jones

Will You Still Love Me Tomorrow

Norah Jones

Tonight you're mine completely
You give your love so sweetly
Tonight the light of love is in your eyes
Will you still love me tomorrow?

Is this a lasting treasure
or just a moment pleasure?
Can I believe the magic of your sight?
Will you still love me tomorrow?

Tonight with words unspoken
You said that I'm the only one
But will my heart be broken
When the night meets the morning sun?

I like to know that your love
This know that I can be sure of
So tell me now cause I won't ask again
Will you still love me tomorrow?

Will you still love me tomorrow?
Will you still love me tomorrow?...

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