Estou de volta... como a primavera!

"Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa..."

Manuel Antonio Pina
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sexta-feira, 1 de maio de 2020

O poema

 
Desconheço a autoria da imagem
 
O poema não tem estrofes, 
tem corpo, 
o poema não tem versos, 
tem sangue, 
o poema não se escreve com letras, 
escreve-se com grãos de areia e beijos, 
pétalas e momentos, 
 gritos e incertezas.

José Luís Peixoto



 

sexta-feira, 17 de abril de 2020

A mulher mais bonita do mundo

 
Vintage Victorian Edwardian Erotic Pin Up Girl

estás tão bonita hoje. quando digo que nasceram
flores novas na terra do jardim, quero dizer
que estás bonita.

entro na casa, entro no quarto, abro o armário,
abro uma gaveta, abro uma caixa onde está o teu fio
de ouro.

entre os dedos, seguro o teu fino fio de ouro, como
se tocasse a pele do teu pescoço.

há o céu, a casa, o quarto, e tu estás dentro de mim.

estás tão bonita hoje.

os teus cabelos, a testa, os olhos, o nariz, os lábios.

estás dentro de algo que está dentro de todas as
coisas, a minha voz nomeia-te para descrever
a beleza.

os teus cabelos, a testa, os olhos, o nariz, os lábios.

de encontro ao silêncio, dentro do mundo,
estás tão bonita é aquilo que quero dizer.

José Luís Peixoto
in "A Casa, a Escuridão"







domingo, 12 de abril de 2020

Fingir que está tudo bem


 
Imagem via Shutterstock

fingir que está tudo bem: o corpo rasgado e vestido
com roupa passada a ferro, rastos de chamas dentro
do corpo, gritos desesperados sob as conversas: fingir
que está tudo bem: olhas-me e só tu sabes: na rua onde
os nossos olhares se encontram é noite: as pessoas
não imaginam: são tão ridículas as pessoas, tão
desprezíveis: as pessoas falam e não imaginam: nós
olhamo-nos: fingir que está tudo bem: o sangue a ferver
sob a pele igual aos dias antes de tudo, tempestades de
medo nos lábios a sorrir: será que vou morrer?, pergunto
dentro de mim: será que vou morrer? olhas-me e só tu sabes:
ferros em brasa, fogo, silêncio e chuva que não se pode dizer:
amor e morte: fingir que está tudo bem: ter de sorrir: um
oceano que nos queima, um incêndio que nos afoga.

José Luís Peixoto




segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

"Na Hora de Por a Mesa"


Desconheço a autoria da imagem


Na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. Depois, a minha irmã mais velha
casou-se. Depois, a minha irmã mais nova
casou-se. Depois, o meu pai morreu. Hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais 
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. Cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde 
como sozinho. Mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
Enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.

José Luís Peixoto 


sábado, 4 de junho de 2011


Desconheço a autoria da imagem

quando nasci. esperava que a vida.
me trouxesse. a terra. quando nasci.
esperava que a vida. me trouxesse.
as árvores. e os pássaros. e as crianças.
quando nasci. tinha o mundo. todo.
depois dos olhos. depois dos dedos.
e não percebi. não percebi. nada.
nunca imaginei. quando nasci. que a vida.
quando nasci. já era a escuridão. a escuridão.
em que estava. quando nasci.

José Luís Peixoto

domingo, 22 de agosto de 2010

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Imagem Google
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Não sei se te vejo.
A luz escurece
e essa é a cor do tempo a passar.
Os meus cabelos negros.
O meu vestido negro.
Na terra, nas ervas, nas árvores,
o negro cobre superfícies cada vez maiores.
A noite chega lentamente e
estende-se sobre as coisas em pequenas poças de negro.
E o negro do meu vestido escurece ainda mais.

(...)

José Luís Peixoto

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segunda-feira, 6 de julho de 2009

"O Tempo, Subitamente Solto"

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O tempo, subitamente solto
pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade
a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei
antes de te conhecer.
Eram os teus olhos, labirintos de água,
terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava.
Era a tua, a tua voz que dizia as palavras da vida.
Era o teu rosto. Era a tua pele.
Antes de te conhecer,
existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens
que olhava ao fim da tarde.
Muito longe de mim,
dentro de mim,
eras tu a claridade.
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José Luís Peixoto

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domingo, 31 de agosto de 2008

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Fico admirado quando alguém, por acaso e quase sempre
sem motivo, me diz que não sabe o que é o amor.
Eu sei exatamente o que é o amor.
O amor é saber que existe uma parte de nós que deixou de nos pertencer.
O amor é saber que vamos perdoar tudo a essa parte de nós que não é nossa.
O amor é sermos fracos.
O amor é ter medo e querer morrer.
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José Luis Peixoto

segunda-feira, 19 de maio de 2008

"[É]ras Tu..."

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O tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
Eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava.
Era a tua voz que dizia as palavras da vida.
Era o teu rosto.
Era a tua pele.
Antes de te conhecer, existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
Muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade."
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José Luis Peixoto

Interlúdio com ...

Will You Still Love Me Tomorrow - Norah Jones

Will You Still Love Me Tomorrow

Norah Jones

Tonight you're mine completely
You give your love so sweetly
Tonight the light of love is in your eyes
Will you still love me tomorrow?

Is this a lasting treasure
or just a moment pleasure?
Can I believe the magic of your sight?
Will you still love me tomorrow?

Tonight with words unspoken
You said that I'm the only one
But will my heart be broken
When the night meets the morning sun?

I like to know that your love
This know that I can be sure of
So tell me now cause I won't ask again
Will you still love me tomorrow?

Will you still love me tomorrow?
Will you still love me tomorrow?...

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