Estou de volta... como a primavera!

"Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa..."

Manuel Antonio Pina
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segunda-feira, 24 de setembro de 2018

O testamento do homem sensato


Quando eu morrer, não faças disparates 
nem fiques a pensar: “Ele era assim...”
Mas senta-te num banco de jardim, 
calmamente comendo chocolates. 

Aceita o que te deixo, o quase nada 
destas palavras que te digo aqui: 
Foi mais que longa a vida que eu vivi,
para ser em lembranças prolongada. 

Porém, se um dia, só, na tarde em queda, 
surgir uma lembrança desgarrada,
ave que nasce e em voo se arremeda, 

deixa-a pousar em teu silêncio, leve 
como se apenas fosse imaginada, 
como uma luz, mais que distante, breve.

Carlos Pena Filho 


"Mulher Sentada em um Banco", de Claude Monet 


quinta-feira, 11 de outubro de 2012

"A Solidão E A Sua Porta"


Desconheço a autoria da imagem

Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
E quando nada mais interessar
(nem o torpor do sono que se espalha)

Quando pelo desuso da navalha
A barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha

Arquitetar na sombra a despedida
Deste mundo que te foi contraditório
Lembra-te que afinal te resta a vida

Com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída
Entrar no acaso e amar o transitório.

Carlos Pena Filho


terça-feira, 9 de outubro de 2012

"Testamento do Homem Sensato"


Fotografia de Nik Wheeler

Quando eu morrer, não faças disparates
nem fiques a pensar: “Ele era assim...”
Mas senta-te num banco de jardim,
calmamente comendo chocolates.

Aceita o que te deixo, o quase nada
destas palavras que te digo aqui:
Foi mais que longa a vida que eu vivi,
para ser em lembranças prolongada.

Porém, se um dia, só, na tarde em queda,
surgir uma lembrança desgarrada,
ave que nasce e em vôo se arremeda,

deixa-a pousar em teu silêncio, leve
como se apenas fosse imaginada,
como uma luz, mais que distante, breve.

Carlos Pena Filho



domingo, 30 de novembro de 2008

"Soneto A Fotografia"

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.
Libertar-se ligeiro da moldura
é o desejo da face, onde, o desgosto
emigrado do poço de água impura,
vai se aninhar na hora do sol posto.
.
Do lugar da prisão vem a tortura,
pois vê, do seu retângulo, teu rosto
e acorrentado na parede escura,
não pode engravidar-te para agosto.
.
Guarda ainda no olhar instante e viagem:
o instante em que foi presa pela imagem
e o roteiro que fez em mundo alheio.
.
E eterna inveja do seu sósia ausente que,
embora prisioneiro da corrente,
habita num subúrbio do teu seio.
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Carlos Pena Filho

terça-feira, 18 de novembro de 2008

"Elegia Para a Adolescência"

.
. E enfim descansaremos sob a verde
resistência dos campos escondidos.
Nem pensaremos mais no que há de ser de
nós que então seremos definidos.
.
No mar que nos chamou, no mar ausente,
simples e prolongado que supomos
seremos atirados de repente,
puros e inúteis como sempre fomos.
.
Veremos que as vogais e as consoantes
não são mais que ornamentos coloridos,
frutos das nossas bocas inconstantes.
.
E em silêncios seremos transformados,
quando formos, serenos e perdidos
além das coisas vãs precipitados.
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Carlos Pena Filho

sábado, 18 de outubro de 2008

"Soneto Oco"

.
.
Neste papel levanta-se um soneto,
de lembranças antigas sustentado,
pássaro de museu, bicho empalhado,
madeira apodrecida de coreto.
.
De tempo e tempo e tempo alimentado,
sendo em fraco metal, agora é preto.
E talvez seja apenas um soneto
de si mesmo nascido e organizado.
.
Mas ninguém o verá? Ninguém. Nem eu,
pois não sei como foi arquitetado
e nem me lembro quando apareceu.
.
Lembranças são lembranças, mesmo pobres,
olha pois este jogo de exilado
e vê se entre as lembranças te descobres.
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Carlos Pena Filho

sábado, 11 de outubro de 2008

"Despedida"

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Ó minha singela amiga, ó beleza minha,
Pressinto que breve de ti estarei distante.
E como todo e qualquer carinhoso amante
Despeço-me, assim, nestas difusas linhas.
.
Sempre te quis como um dos mais doces alentos,
Que percorreram a minha vida por vaidade.
Mas hoje... Hoje falo com sinceridade:
Deixar a ti é o maior dos meus tormentos.
.
Pois se à morte não se consagra oposição,
E se a vida termina numa noite sem fim,
Que fiquem os versos com teu amado coração.
.
Porque deles e neles o que restou de mim
Dou-te por completo, e não só uma porção!
Dou-te o amor. O que sempre declarei. E fim.
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Carlos Pena Filho

domingo, 21 de setembro de 2008

"A Solidão E Sua Porta"

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Quando mais nada existir que valha
a pena de viver e a dor de amar
e quando nada mais interessar
(nem o torpor do sono que se espalha).
.
Quando pelo desuso da navalha
a barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha
.
a arquitetar na sombra a despedida
do mundo que te foi contraditório,
lembra-te que afinal te resta a vida
.
com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída:
entrar no acaso e amar o transitório.
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Carlos Pena Filho

quarta-feira, 11 de junho de 2008

'Soneto do Desmantelo Azul"

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.
Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas,
.
Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.
.
E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.
E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.
.
Carlos Pena Filho

Interlúdio com ...

Will You Still Love Me Tomorrow - Norah Jones

Will You Still Love Me Tomorrow

Norah Jones

Tonight you're mine completely
You give your love so sweetly
Tonight the light of love is in your eyes
Will you still love me tomorrow?

Is this a lasting treasure
or just a moment pleasure?
Can I believe the magic of your sight?
Will you still love me tomorrow?

Tonight with words unspoken
You said that I'm the only one
But will my heart be broken
When the night meets the morning sun?

I like to know that your love
This know that I can be sure of
So tell me now cause I won't ask again
Will you still love me tomorrow?

Will you still love me tomorrow?
Will you still love me tomorrow?...

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